Ilustração de um fungo (Peziza) feita por Frei Vellozo e publicada em 1827. Fonte: Flora Flumi-
nensis
Illustration of a fungus (Peziza) made by Friar Vellozo and published in 1827. Source: Flora
Fluminensis
e preparavam seus herbários remetendo-os para identifica-
ção na Europa. Na maioria dos relatos, observam-se como
padrão de descrição das espécies de fungos, segundo seu
agrupamento, a identificação da planta hospedeira e a loca-
lização geográfica para cada espécie vegetal (27; 28; 29; 30; 31; 32).
Estas descrições podem ser encontradas, em sua maioria,
nas publicações de revistas alemãs especializadas em Mico-
logia, como “Hedwigia” (desde 1852) e “Annales Mycologici”
(a partir de 1901), as quais contêm grande volume de relatos
de materiais provenientes do Rio de Janeiro até a primeira
década do século XX (33).
A partir daí importantes contribuições foram feitas
à Micologia Brasileira, sob a forma de publicações de Bole-
tins, Catálogos e Artigos por diversos autores. Houve inten-
sa atividade na área, ampliando os estudos especializados,
principalmente na qualificação profissional por parte de ins-
tituições governamentais e pela criação de micotecas de re-
ferência e fundação da Sociedade Brasileira de Micologia.
Assim, muito além da simples importância sobre a
diversidade de fungos que nos cerca, apreciados, conhecidos
ou não, entremeados no ambiente de nossos Biomas, o ecos-
sistema de Restinga apresenta não só um potencial como
repositório de fungos presentes no ambiente, mas daqueles
que se encontram ocultos no interior das plantas, habitan-
do-as e exercendo relações ainda pouco explicadas. Mesmo
que muitos trabalhos tenham sido feitos acerca dos fungos
brasileiros, nas restingas quase nada se conhece e para mu-
dar e continuar essa história há a necessidade de identificá-
-los, cultivá-los e mantê-los viáveis à disposição para uso
futuro. É com esse pensamento que iniciamos nossa jornada
rumo ao descobrimento destes organismos a partir de cole-
tas de plantas adaptadas a este ecossistema, seja para ver,
rever ou conhecer os fungos ali presentes, incluídos numa
infinita biodiversidade que só o “Tempo e a Restinga” (34) po-
derão juntos revelar e continuar a sua história.