uma continuidade, com o rio do Veiga, posicionam-se as lagoas
de Iquipari e Guruçaí. Dos dois canais atravessando colares de
lagoas entre a restinga e a planície aluvial, restou apenas um, in-
terligando as lagoas do Taí Pequeno, dos Jacarés, das Bananei-
ras e Salgada, para atingir também a bacia do Iguaçu através do
rio do colégio. No segmento da restinga norte, à margem do rio
Paraíba do Sul, os cartógrafos anotaram os Campos de Areia e os
Campos da Praia, em ambos havendo a informação de que eram
praticadas atividades criatórias.
Pode-se depreender que a restinga norte, a partir do
século XVIII, tornou-se campo de exploração econômica bem
mais intensa que a restinga sul, ainda que esta não tenha per-
manecido fora do circuito econômico, conclusão, aliás, já ex-
pressa neste trabalho. Na margem esquerda do rio Paraíba do
Sul, ainda no âmbito da restinga norte, destacam-se a grande
lagoa do Campelo, as lagoas do Bamburro, de Macabu e de Ca-
cimbas, ligadas estas três pelo canal de Cacimbas, aberto na
primeira metade do século para escoar a produção do sertão
do mesmo nome pelo rio Paraíba do Sul e porto de São João da
Barra. Junto a Gargaú, nota-se ainda uma lagoa sem nome(33).
Em 1866, aparece uma outra Nova Carta Corográfica da
Província do Rio de Janeiro, publicada por G.W. e C.B. Colton,
em Nova York. Cotejando esta com a anterior, é-se levado a
crer que se trata do mesmo trabalho cartográfico(34). Não assim
a carta da Província do Rio de Janeiro, organizada pelo enge-
nheiro Manoel Maria de Carvalho em 1888, que, além de nada
acrescentar de significativo aos trabalhos anteriores, ainda os
empobrece. A carta assemelha-se a um mapa destinado mais a
Caça ao boi selvagem em Ubatuba, restinga de Jurubatiba. Desenho de Maximiliano de Wied-Neuwied, 1815
Wild ox hunting in Ubatuba, Jurubatiba restinga. Drawing by Maximilian of Wied-Neuwied, 1815
informar sobre as vias de comunicação do que sobre acidentes
geográficos(35).
Como não se pretende empreender um trabalho exausti-
vo de levantamento das restingas do norte fluminense, encerra-
-se o século XIX com a planta da Lagoa Feia e Suas Dependên-
cias, na escala de 1:20.000, fruto dos trabalhos executados entre
1894 e 1898 pela Comissão de Estudos do Saneamento da Bai-
xada do Estado do Rio de Janeiro, chefiada por Marcelino Ramos
da Silva. Como a planta retrata apenas o sul da lagoa Feia numa
escala que permite observar minúcias, não se dispõe de uma vi-
são panorâmica de toda a restinga sul. Nela, sobre os Campos
do Sabão e de Jagoroaba, situam-se as lagoas da Ribeira (já se-
parada da lagoa Feia), do Pires, de Jurumirim, de Jagoroaba, do
Carrilho, Canema, do Piripiri, do Cafelo, do Velasco e do Capão-
zinho. Ademais de uma infinidade de brejos bem típicos das de-
pressões intercordões de restinga, registra-se ainda o polêmico
e malsucedido canal de Jagoroaba, projetado para centralizar o
escoamento das águas da lagoa Feia para o mar, e o canal do
Furado(36).
Plantas e animais. Em sua jornada do Rio de Janeiro a
Salvador, entre 1815 e 1817, Maximiliano de Wied-Neuwied atra-
vessou vastos trechos de restinga. Com a atenção mais voltada
para a fauna, mormente a constituída por aves, ele não deixou,
todavia, de fazer registros sobre a vegetação nativa costeira.
Percebeu a configuração do “Mato baixo e mofino que se esten-
dia para a floresta, atestando a violência dos ventos reinantes.”
E a presença de espécies típicas desta região, como bromélias,
cactos quadrangulares, pentagulares e hexagonais, suspeitando