A Covid-19 bagunçou a rotina e mexeu com a forma de se cuidar, se relacionar
e consumir. Pesquisa com 1874 brasileiros mostra como ela reverberou na
alimentação, na atividade física e na busca por informações e serviços de saúde
texto GORETTITENORIO design e infogróficos THIAGO LYRA
VEJA SAUDE SETEMBRO 2020
e tem uma palavra que deve ser cada vez
mais incorporada ao nosso dia a dia a
artir da pandemia, ela é autocuidado.
?alamos de um conjunto de hábitos bem-
- vindos ao corpo e à mente e que inclusive
é tratado como um direito ao cidadão pela
Organização Mundial da Saúde (OMS). O conceito
abrange sete pilares: hábitos de higiene, prática de
atividade física, alimentação balanceada, busca de
informações confiáveis, restrição de comportamentos
nocivos (como tabagismo e abuso de bebida
alcoólica), conhecimento do próprio corpo e atenção
a sinais estranhos e uso responsável de remédios e
outros produtos. Todos eles foram afetados ou
exercidos de alguma forma no mundo pós-Covid.
É nesse contexto que VEJA SAÚDE e o núcleo de
Inteligência de Mercado do Grupo Abril, com o
apoio da Associação Brasileira de Medicamentos
Isentos de Prescrição (Abimip), conduziram a pes-
quisa “Autocuidado em Tempos de Pandemia”, que
investiga como os brasileiros lidam com cada um dos
sete pilares e os efeitos da Covid-19 na percepção e
na adoção desses hábitos. O estudo, realizado pela
internet em junho de 2020, envolve 1874 mulheres e
homens de todas as regiões do país. Sete em cada dez
entrevistados se mostraram dispostos a rever e alte-
rar atitudes pensando em preservar a saúde.
Os efeitos mais positivos, na visão dos participan-
tes, aparecem na procura por informações sobre pre-
venção e bem-estar e na adesão a medidas de higiene,
como lavar as mãos, utilizar álcool em gel e caprichar
na limpeza da casa — comportamentos que, de fato,
ajudam a minimizar a transmissão do coronavírus.
Mas há situações impactadas negativamente pela
pandemia. Para quase metade dos entrevistados, o
maior desafio está na prática de exercícios, limitada
pelo fechamento temporário de parques e academias
e pela reabertura gradual e cercada de receios. A ali-
mentação também sentiu o baque em muitos lares,
transformados da noite para o dia em um espaço mis-
to de trabalho, lazer e convívio familiar.
Quando questionados sobre os pilares do auto-
cuidado mais difíceis de levar para a rotina, dispa-
ram justamente esses dois hábitos tão ligados à pre-
venção de doenças crônicas: 46% das pessoas
apontam para a alimentação saudável e 65% para a
atividade física. O mapeamento também capta refle-
xos significativos da Covid-19 no sono e no estado
emocional dos brasileiros. Em live transmitida pelas
redes sociais de VEJA SAÚDE para discutir os acha-
dos da pesquisa, o educador físico e expert em quali-
dade de vida Mareio Atalla resumiu suas orienta-
ções para o novo normal em um conselho:
precisamos (r)estabelecer uma rotina.