- Pois bem, uma vez obtida a magnânima licença,
passo à narrativa, a mais inusitada que proferi desde que
me conheço por gente, quero dizer, por morte.
Interessante mencionar que, mesmo estando o salão
abarrotado de frequentadores e de funcionários, era
incrível como a peste , a guerra e a fome só conseguiam
ouvir a voz melíflua da morte. Não fosse ela velha
conhecida desse trio, e se diria que a serpente conseguia
hipnotizar três pobres lebres.
- Não sei se vocês se lembram daquele
desafortunado do Sísifo?
A guerra recordou-se dele com facilidade, pois
também sofrera as consequências do aprisionamento
que ele impusera à morte. E tremeu só em pensar o que
isso poderia significar.
- Pois bem, sua hora havia chegado. Mas, como bem
conhecia o meu calcanhar de aquiles, tratou de elogiar a
minha beleza, com o fim de evitar a minha atuação. Daí
que me pediu para deixar enfeitar o meu pescoço com
um lindo colar. Só que o presente, na verdade, era uma
coleira, com a qual me manteve cativo por um certo
tempo, impedindo-me, assim, de consumar o seu
passamento. - Por sorte, se é que admitiriam que essa força se
aplica à minha humilde pessoa, Hades, o Deus dos
Mortos , interveio a tempo, e, libertando-me, reintegrou-