Durante os anos de
curso, no entanto, ele
equilibrava o que faltava
na teoria, com ações. No
Coletivo Enraização, criado
com mais sete amigos da re-
pública onde morava, tinha
horta orgânica e protótipo
de agrofloresta, captava
água de chuva e fazia trata-
mento ecológico das águas
cinzas do banheiro (chu-
veiro e vaso sanitário), com
plantas apropriadas. Tudo
conforme os princípios da
permacultura. Nela são
concebidas paisagens cons-
cientemente desenhadas,
para reproduzir padrões
e relações encontrados na
natureza, e assim garantir
o suprimento das neces-
sidades de comunidades
locais e os recursos para as
futuras gerações.
Assim que deixou a fa-
culdade, decidiu realizar o
sonho de partir para a estrada e buscar
experiências práticas com agricultura
orgânica e novas formas de organiza-
ção social em ecovilas, comunidades
alternativas, novas propostas de
construção e tratamento de resíduos.
Mas a poupança que havia criado para
a ocasião levou outro rumo e com ape-
nas quarenta reais na carteira, mais os
artesanatos em macramê (fios tran-
çados em nós) que aprendeu com um
casal de argentinos, saiu sem rumo.
“Eu não saí para chegar exatamen-
te em algum lugar, saí para a estrada,
para a experiência de viver sem nada
ou com pouco”, relembra.
No caminho, caronas, pouso em
posto de gasolina, acampamento na
beira da estrada. Primeiro passou por
Ilha Solteira e depois rumou para o sul
do país. Quando chegou em Curitiba
(PR), os amigos argentinos do parágra-
fo anterior, seus padrinhos de estrada,o convidaram para passar uma tem-
porada no Uruguai.
Começava ali o que Gustavo chama
de reação em cadeia. Isso porque
pegou carona com um argentino, que
entendia bem o português e que traba-
lhava com permacultura, agricultura
sustentável, bioconstrução, ecovilas,
e estava em fase de recrutamento de
pessoas para ajudá-lo no projeto. O
resultado foi um convite para traba-
lharem juntos.
Uma das boas surpresas dessa
temporada foi ganhar do patrão o tão
desejado curso de permacultura, reali-
zado entre dezembro de 2016 e abril do
ano seguinte.
Após 10 meses partiu para a
Argentina. De lá, voltou para o Brasil,
para passar um tempo com a família,mas com intenção de seguir viagem
pelo país. Porém ele lembra que cau-
salidades o mantiveram ali na cidade
de Rinópolis.
Pouco depois, uma bolsa adquiri-
da para o curso de Ciências Biológicas,
na universidade de Adamantina,
o levou a morar em Osvaldo Cruz.
Lá passou por um rápido estágio na
Secretaria de Meio Ambiente, em
seguida foi convidado para trabalhar
com agricultura orgânica em uma
propriedade rural de Lucélia, onde
permaneceu por cerca de 60 dias.
Em 2018 foi aprovado em primei-
ro lugar no concurso público de Lucé-
lia e aí a história volta para o ponto de
partida desta matéria. Gustavo levou a
ideia de seu projeto à prefeitura e logo
no segundo mês de trabalhou colocou26 REVISTAVOX.COM | ABRIL 2021