42 caminhos do crescimento
Banco Central do Brasil
Revista Meio & Mensagem/Nacional - Noticias
sexta-feira, 12 de novembro de 2021
Banco Central - Perfil 2 - Reforma Administrativa
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42 caminhos do crescimento
responder a uma eventual alta de demanda, diante de
problemas como as crises energética e de cadeia de
suprimentos?
Fernando - Tem alguns pontos positivos
para 2022 ainda; você trouxe um, que é a vacinação.
2022, se não tiver problema com variantes, será de
abertura plena, em serviços, lazer, turismo, contra um
2021 que foi apenas parcialmente aberto. A própria
discussão do teto de gastos, a piora dos mercados
colocou certo limite a quanto eles querem gastar, então,
tem alguns pontos positivos. A economia global ainda
deve crescer ano que vem, mesmo com a China
desacelerando, a demanda por alimentos deve ser forte.
A safra agrícola será recorde e pode ajudar a trazer os
preços para baixo. Na indústria, de fato, há dois grandes
temas rodando a economia global. Os problemas de
suprimentos de semicondutores, especialmente na
indústria automotiva, e dando uma cara de que será
algo mais prolongado do que se imaginava. Como isso
se equacionará? Não está claro qual será o desenho
final, o risco é ter mais inflação e não menos nesse
cenário, mas, da metade do ano que vem para frente,
terá remoção dos estímulos que aconteceram no mundo
(uma parte dos problemas da falta de suprimento tem a
ver com o fato de que os governos estimularam a
demanda; Biden, a Europa, Bolsonaro, todo mundo
estimulou; aí a demanda explodiu e a oferta não
conseguiu acompanhar). Esses estímulos estão saindo.
Olha o que o BC está fazendo. Mesmo a extensão do
Auxílio Emergencial será num tamanho menor que nos
últimos dois anos. Nos EUA, os programas se encerram
agora. Na Europa, também. Terá uma acomodação da
demanda que na metade do próximo ano esses
problemas na cadeia de suprimento diminuirão. Mas
tem uma primeira metade do ano complicada. Um
segundo tema, associado ao ambiente energético, é
bem complexo. A transição para uma economia verde é
superpositiva, até imperativa, mas tem um problema de
casamento de fluxos de investimento. Muitas empresas,
países e governos deixaram de investir nas energias
antigas, sujas e poluentes, o que é bom para o mundo,
falando em emissões e temperatura, mas as novas
energias ainda não estavam 100% prontas. Esse
descasamento está fazendo preços de energia
dispararem. Ainda vamos viver um primeiro semestre
difícil no suprimento energia no mundo. A parte de
fertilizantes já está sendo impactada, porque depende
muito da geração de gás natural, que fica mais cara, e
comprometeu um pouco da safra de se quem ganhar a
eleição conseguir colocar meia dúzia de coisas no radar
- uma economia mais verde, lançar uma reforma
tributária, uma reforma administrativa, temas ligado à
produtividade, como o 're-skilling' das pessoas que
ficaram para trás na pandemia -, pode dar uma
destravada rápida no crescimento. Não sei se quem
ganhar a eleição fará, mas a disputa está rolando de
hoje até outubro do ano que vem. Em 2023, tem um
país para tocar. Se não tocar, terá problemas mais
severos. Espero que quem assumir possa ter uma
decisão apropriada de política econômica. Não vejo
recessão em 2023, mas crescimento, 1,5%, 2% de PIB,
mas 2023 será determinado pelos próximos 12, 18
meses. Por quem será o novo presidente da República