Banco Central do Brasil
Revista Meio & Mensagem/Nacional - Noticias
sexta-feira, 12 de novembro de 2021
Banco Central - Perfil 2 - Reforma Administrativa
e sua política econômica.
M&M - Com desemprego alto, preço do
- Esses dois choques, de suprimento
e energia, ainda incomodarão a indústria, a vida real
das famílias e das empresas. Espero que no segundo
semestre de 2022 esses temas já estejam mais
equacionados.
piores momentos para o consumo, pelos motivos que
você citou, energia elétrica, combustível e alimentação
estão caros. A renda do brasileiro está super
comprimida. Para 2022, tem alguns paradoxos, por isso,
ainda não coloquei o PIB no terreno negativo. De um
lado, o emprego formal está crescendo bem. E no
informal o IBGE tem tido dificuldade; não é uma crítica
ao IBGE, a pandemia dificultou a coleta presencial.
Minha impressão é de que o mercado de trabalho não
está tão fraco. Se olhar para inadimplência e
arrecadação de impostos, o mercado de trabalho está
andando. O desemprego está alto, mas gerando vagas.
Terá reabertura plena, com vacinas, criação de vagas
formais e informais, antecipação de crédito e
desaceleração da inflação. Estamos no pico do pior
momento. Tudo isso faz pensar que o PIB crescerá em
torno de 1%, 1,5% ano que vem e se não estiver muito
errado e a renda crescer os 2,5% que projeto, terá
consumo. Um consumo fraco ainda, mas fico mais
pessimista com o investimento total ano que vem, que
sofrerá mais as consequências da incerteza fiscal,
política, taxa de juros, do que com as famílias.
M&M - Em 2023, existe risco de recessão?
Fernando - Dependerá muito da política
econômica do próximo presidente. Muito da volatilidade
vivida hoje nos mercados, essa discussão fiscal, tem a
ver com a disputa eleitoral. Tudo que está sendo feito
tem objetivos para o ano que vem. Quando assumir -
Bolsonaro, Lula, a terceira via -, em 2023, tem um país
para tocar. O ruído que hoje ouvimos altíssimo ligado à
disputa eleitoral desaparece e a vida segue. Nesses
momentos, tem certo ganho de expectativa nas
pessoas, nas empresas, nas famílias. E isso costuma
trazer o PIB para cima. 2023 terá um legado difícil, do
ponto de vista fiscal, dos juros, mas faltarão
oportunidades. Não é essa crise que fará do Brasil um
país sem oportunidades de negócios, ainda que a
macroeconomia fique um pouco para trás. Mas será um
ano de encontrar essas oportunidades em meio a uma
postura de cautela.
gás e dos combustíveis também nas alturas, como
vislumbra, ano que vem, o cenário de consumo?
Fernando - Estamos vivendo um dos
'Muito da volatilidade vivida hoje nos mercados, essa
discussão fiscal, tem a ver com a disputa eleitoral. Tudo
que está sendo feito tem objetivos para o ano que vem'
M&M - Como avalia o papel social, para a
economia e para as contas públicas que o Bolsa Família
tinha e que o Auxílio Brasil, a transformação do
programa, terá?
Fernando - O Bolsa Família foi um dos
programas mais bem-sucedidos do Brasil, em
assistência social. Teve origem no 'Vale-gás', no 'Bolsa
escola' e foi bem agrupado no governo Lula. E é um
programa muito barato para combater a miséria e
proteger os mais vulneráveis. Custava R$ R$ 35
bilhões. Pensando no Auxílio Brasil, a inflação acelerou
e um pedaço do programa teria de ter seu valor
corrigido. Isso é absolutamente legítimo. São dois
temas: inflação dos mais pobres, ligada à alimentação,
acelerou muito mais que a inflação cheia, então, há uma
correção justa do Bolsa Família dos antigos R$ 190;
deveria aproximá-lo de R$ 270, R$ 300. Era o nível que
se discutia, antes dos R$ 400. E, segundo, a pandemia
agravou a situação de vulnerabilidade de algumas
famílias e aumentou o total elegível ao programa; de 14
milhões de famílias, deve chegar a 17 milhões. É
pertinente e o País tem o dinheiro para proteger seus
vulneráveis. E me parece uma política pública barata