Paixão Pelo Vinho - PT - Edição 83 (2021-Trimestral)

(Maropa) #1

44 • Paixão Pelo vinho • edição 83


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Em conversa com a Paixão pelo Vinho,
Nuno Ribeiro, conhecido ex-jogador de
futebol, fala-nos da sua marca de vinhos



  • Dezoito by Maniche - e como, mesmo
    após ter deixado os relvados há quase dez
    anos, tem continuado a construir o futuro.
    “O nome Maniche ficou e ficará para sem-
    pre, é a minha marca”.
    Fora dos relvados, Maniche entusiasmou-
    -se com o mundo dos vinhos e embre-
    nhou-se no conhecimento, desde a vinha
    à produção, e desenvolveu o seu gosto
    pessoal, tendo apostado nesta atividade
    a nível profissional. O projeto de vinhos
    “Dezoito by Maniche” tem vindo a ser tra-
    balhado desde 2016, numa parceria com
    a Quinta da Pacheca. “Tive vários convites
    para associar o meu nome a uma região
    e ou a quintas. Mas não queria apenas es-
    tar associado, queria um vinho meu, feito
    à minha imagem, tendo em conta o meu
    gosto pessoal”, refere o ex-futebolista.


Como é que o nuno ribeiro se transforma
no maniche?
Quando ingressei no futebol, com 9 anos na
formação do Benfica, havia um Maniche sé-
nior que tinha cabelo comprido e louro, bas-
tante parecido comigo, e o meu treinador,
devido às nossas semelhanças, começou a
tratar-me também por Maniche. E assim fi-
cou. Por isso, ainda hoje estranho ouvir al-
guém tratar-me por Nuno. Apenas a família
e alguns amigos próximos o fazem. A verda-
de é que, mesmo após deixar os relvados, há
quase dez anos, o nome ficou e acredito que
ficará para sempre, é a minha marca.


na sua opinião, a sua passagem pelo fu-
tebol e o facto de ter “construído” uma
marca, é uma boa influência para as gera-
ções futuras, algo capaz de mudar vidas?


Penso que sim. O futebol mudou muito.
Hoje em dia, com as redes sociais, o co-
nhecimento das novas gerações é outro.
Os meios para se usufruir da própria ativi-
dade também são outros. E nós, ex-joga-
dores, temos um papel fundamental como
exemplo, não só para os atuais jogadores
de futebol, como também perante a so-
ciedade. Temos de ter cuidado e proteger
as novas gerações. É preciso que as novas
gerações tenham os pés bem assentes
no chão. E, por vezes, isso falta. Falta al-
guma humildade a esta geração. Temos a
obrigação de dizer que nada se conquista
sem trabalho, dedicação, compromisso e
paixão. Nada se faz e nada se conquista se
não houver essa paixão, por nós próprios,
pelo que fazemos e pelos outros.

no futebol existiram muitos momentos
de paixão para celebrar. Gostaria de des-
tacar algum em particular?
Sim, existiram, mas são momentos muito
efémeros. Perguntam-me muitas vezes se
gostei mais de ganhar a Liga dos Campeões
ou a Taça UEFA. A Liga dos Campeões é
o título mais desejado no futebol, porém
respondo que preferi ganhar a Taça UEFA,
porque foi a primeira taça internacional, foi
o início de tudo o resto. Essa paixão por
ganhar vem ao encontro de vitórias e de
sucessos, que é, caso mais recente, a mi-
nha paixão pelo vinho.

foi a celebrar as vitórias que a descobriu?
Também. Foi sobretudo à mesa a partilhar
conquistas, vitórias e até emoções que ti-
vemos no mundo de futebol que realmen-
te ficamos a conhecer os colegas de equi-
pa. Comecei a beber álcool com mais de
25 anos, estava no FC Porto. Quando dei-
xei o futebol comecei a saborear com mais

tempo e tranquilidade as provas de vinho.
Estar rodeado de pessoas que conhecem o
vinho, que nos ensinam a apreciar e a des-
cobrir o que gostamos ajudou-me a fazer
um vinho que gostasse.

Que caraterísticas aprecia e resultam, na
sua opinião, num bom vinho?
Gosto de um vinho elegante, com longe-
vidade e persistência. Um vinho que seja
guloso, com força, personalidade, mas
que ao mesmo tempo seja delicado e me-
morável. Que ao beber se sinta a acidez e
frescura ou a salinidade num branco, por
exemplo.

Para alcançar o vinho que o define, de que
forma se envolveu no processo. e porquê
a parceria com a Quinta da Pacheca?
Tive vários convites para associar o meu
nome a uma região e ou a quintas. Mas
não queria apenas estar associado, que-
ria um vinho meu, feito à minha imagem,
tendo em conta o meu gosto pessoal. E
que ao mesmo tempo fosse uma marca
forte, credível, séria, tanto no mercado
interno como externo. Escolhi, por isso,
trabalhar com as castas que mais gosto
como, a Touriga Nacional, a Touriga Fran-
ca ou a Tinta Roriz. E a Quinta da Pacheca
permitiu-me isso mesmo. Chegamos a um
entendimento num período complicado,
em plena pandemia, mas tivemos sucesso,
com muitas vendas e um feedback brutal.
O projeto de vinhos “Dezoito by Maniche”
tem vindo a ser trabalhado desde 2016,
entre mim e a enóloga da Quinta da Pa-
checa, Maria Serpa Pimentel. Fiz questão
de acompanhar todos os passos do pro-
cesso de produção destes vinhos, a esco-
lha das castas, a vindima, a pisa em lagar e
o estágio em barrica.
A 18 de novembro de 2020 lançamos o
Dezoito by Maniche tinto 2018 e Dezoi-
to by Maniche branco 2019, este último
produzido com uvas das castas Viosinho e
Moscatel Galego. Um vinho de corpo mé-
dio e de final longo que acompanha bem
peixes grelhados ou assados e queijos. Já
o tinto 2018, feito com Touriga Franca e
Tinta Roriz, acompanha bem carnes gre-
lhadas ou assadas. Este é um vinho com

O vinho é um embrião para aquilo que
estou a preparar: outros “dezoitos”, e
isto inclui um hotel glamping, situado
na região dos Vinhos Verdes, onde a
aposta passará também pelos vinhos
tranquilos e espumantes. O objetivo é
valorizar o produto nacional e regional
dirigido ao segmento de luxo.
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