Prato Sujo - Como a indústria manipula os alimentos para viciar você! ( PDFDrive )

(Ruy Abreu) #1

demorar anos para aparecer.


Como soja, milho, trigo e cana são artigos valiosos no mercado, porque
impulsionam desde a indústria alimentícia até os criadores de gado, porco e
frango, que compram a parte da produção na forma de ração, estar no ramo da
monocultura significa ganhar mais. Ou seja, no nosso modelo econômico,
veneno na comida é dinheiro. Por isso, essas culturas dominam o mundo – e
empobrecem o solo, que fica sem os nutrientes que antes vinham da variedade de
vegetais. Solos doentes abrem espaço para as pragas. Pragas precisam ser
mortas. A questão é como.
Quando você usa um veneno para acabar com algum bicho que está comendo
a plantação, acaba com outros organismos que vivem na planta e no solo,
inclusive aqueles que são os predadores naturais das pragas, como as formigas.
Os resíduos que escapam para o ar também causam estragos para o ecossistema.
As abelhas, responsáveis por espalhar material genético vegetal pelo planeta,
sofrem isso na pele. Dois terços de todos os vegetais no mundo são polinizados
por abelhas. O envenenamento do meio ambiente e o desmatamento que dá lugar
a extensas plantações de monoculturas vêm causando a diminuição do número
de colmeias. Prova disso é o surgimento de um negócio lucrativo e bizarro: o
aluguel de polinizadores.
Empresários compram colmeias, colocam em caminhões e despacham para
fazendas, onde as abelhas passam alguns dias fazendo o digno trabalho de levar
células reprodutivas masculinas que ficam no pólen para os respectivos
receptores femininos. É por meio dos polinizadores que os vegetais que dão
flores fazem sexo. Pesquisadores da Unesp de Jaboticabal descobriram que a
produção de laranjas pode ser 30% superior se for ajudada pelas abelhas. Para o
cultivo de maçãs, o crescimento é de 50%.
Se o fazendeiro não quiser pagar os michês de abelhas, ele pode partir para a
inseminação artificial, contratando gente para esfregar o dedo em uma flor e
depois na outra. Mas essa alternativa é mais cara. Afinal, abelhas não precisam
ser registradas em carteira, não recebem fundo de garantia por tempo de serviço,
nem 13º proporcional ao tempo trabalhado, nem férias remuneradas com um
terço a mais de salário, nem vale-transporte nem vale-alimentação nem adicional
de fim de semana.


Como    não há  polinizadores   para    todo    mundo   e   a   lei da  oferta  e   procura é   a
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