O sódio virou a fonte principal dos conservantes químicos que permitiam
levar alimentos, de preferência enlatados, a populações cada vez maiores e a
soldados que passavam meses nas guerras. É o caso do caldo de carne – uma
comida desidratada que, em contato com a água, vira facilmente uma sopa. Meio
tablete dele tem 40% de todo o sódio que deveria ser consumido por um adulto
em um dia. O produto foi desenvolvido no século 19 por um químico chamado
Justus von Liebig, que nasceu na Prússia, em uma região que hoje faz parte da
Alemanha.
Liebig fazia vários experimentos em seu laboratório usando comidas. Um dia,
decidiu cozinhar pedaços de carne até transformá-los em um líquido concentrado
e, depois, em pó. Mais denso e seco do que o alimento fresco, o extrato de carne
durava mais tempo e podia ser carregado mais facilmente pelas tropas do
exército.
Essa invenção foi não só a precursora dos cubinhos de carne que hoje habitam
nossas cozinhas, mas também de um modelo industrial para transformar
alimentos frescos em produtos fáceis de transportar – e com prazo de validade
bem maior.
Para isso, a indústria desenvolveu outros conservantes à base de sódio, como
benzoato de sódio, nitrato de sódio, nitrito de sódio, bissulfito de sódio,
metabisulfito de sódio. O potássio e os ácidos também dificultam a vida das
bactérias, o que explica a quantidade enorme de sorbato de potássio, benzoato de
potássio, ácido sórbico e ácido benzoico no nosso cardápio.
Conservantes, antioxidantes e estabilizantes também foram desenvolvidos
para prolongar a vida útil da comida. É o caso de um derivado de petróleo, o
TBHQ, que não deixa a gordura ficar rançosa. Comum em margarinas e molhos
prontos para salada, ele é rigidamente controlado pelos órgãos de saúde para não
ultrapassar a quantidade de 0,02 grama a cada 100 gramas de óleo. Ingerir 1
grama pode provocar enjoo, vômito e desmaio. Cinco gramas são letais. Claro
que é impossível você ingerir tanto molho pronto a ponto de ter uma overdose de
TBHQ, mas o exemplo deixa claro que estamos comendo com o inimigo.
Outro agente indigesto da industrialização é a amônia, que pode ser utilizada
no processamento de carne. A receita padrão do hambúrguer industrializado é
pegar restos de carne gordurosa, que antes eram destinados apenas para a
produção de sebo ou de ração para animais, e colocar em uma centrífuga de alta
velocidade para separar 90% da gordura, deixando apenas uma pasta mais