Carnes magras também podiam entrar. Doces, não, porque sempre foram
considerados engordativos. Resumindo: para emagrecer e ter saúde era preciso
cortar gordura, principalmente a animal, açúcar e alimentos altamente
processados, como aqueles que levam farinha branca. Essa receita é, até hoje, a
base de muitas dietas. Mas, mesmo naquela época, existiam os opositores à ideia
de que a gordura era a causa da obesidade e das doenças. Na década de 1960,
quando as dietas à base de carboidrato não freavam o crescimento da obesidade
nos Estados Unidos, o cardiologista Robert Atkins decidiu investigar melhor o
assunto e chegou à conclusão de que o que deixava as pessoas gordas e doentes
era justamente o carboidrato.
Quando você come carboidrato, o excesso é armazenado primeiro em forma
de glicogênio, principalmente no fígado e nos músculos, e só depois como
gordura nas células (não falamos desse passo intermediário até aqui para não
complicar).
Bom, moléculas de glicogênio atraem as de água e, por isso, ocupam mais
espaço e pesam mais. Sem carboidrato na alimentação, o corpo recorre às
reservas de glicogênio e acaba quebrando também as moléculas de água que
ficam grudadas a ele. Por isso, quem faz dieta que corta os carboidratos “seca”
rápido, porque perde água e massa muscular. Isso não é garantia de
emagrecimento para valer, muito menos de boa saúde.
Se o estoque de glicogênio acaba, o organismo parte para a gordura. E aí
começa um processo chamado cetose, que transforma reservas de gordura em
combustível para ser usado pelas células. Depois do glicogênio e das gorduras, a
próxima e última fonte de energia são as reservas de proteínas – ou seja, o corpo
começa a comer sua própria carne. Daí a importância de não deixar para trás os
carboidratos e as gorduras.
Um grande estudo coordenado por cientistas da Faculdade de Saúde Pública
de Harvard acompanhou 811 pessoas com sobrepeso durante dois anos. Elas
foram divididas em quatro grupos, cada um com uma dieta diferente para seguir:
todos os cardápios prescritos eram saudáveis e foram calculados para induzir a
mesma perda de peso, mas a proporção entre gordura, carboidrato e proteína
entre eles mudava.
Ao final do período, os participantes dos quatro grupos tinham emagrecido,
em média, 4 quilos. Isso significa que o tipo de comida não interfere no
resultado – o que importa é a quantidade de calorias. “Caloria” é basicamente a
quantidade de energia que um alimento carrega. E essa energia, venha ela do