EFICIÊNCIA ENERGÉTICA: FUNDAMENTOS E APLICAÇÕES
monioso com a energia. Isto é aceitável quando tais comentários se apoiam em
estudos e avaliações energéticas periódicas, fato infelizmente pouco frequen-
te. Em geral, esta postura defensiva surge de uma auto-estima ou de um zelo
exagerado pela imagem da empresa, às vezes estimulados pela própria direção.
Trata-se na realidade de uma ausência de autocrítica. A promoção da eficiência
energética requer uma postura despreconceituosa, aberta a novos enfoques e
possibilidades, cabendo um só dogma: sempre é possível para gastar menos.
Mesmo nas plantas mais modernas, a evolução tecnológica se incumbe de criar
permanentemente espaços para o uso mais racional da energia. Ainda se está
muito longe de consumir o mínimo teórico, pois os melhores processos têm
uma demanda energética dezenas de vezes superior ao mínimo termodinâmico.
Falácia 2: Sabemos que podemos melhorar a eficiência energética,
mas não temos recursos...
Outro argumento equivocado, apresentado como barreira para melho-
rar a eficiência energética se relaciona ao seu custo, que seria muito elevado e
de retorno difícil. De fato, se o programa se limitar a uma auditoria, seu retorno
será nulo, sem qualquer benefício tangível. Por isto não basta o diagnóstico, é
preciso seguir as prescrições. E as prescrições sempre devem estar justificadas
por seus indicadores econômicos. Em geral, não se recomendam projetos com
prazos de retorno superiores a 24 meses e em alguns casos, até menos, porque
existem quase sempre diversas possibilidades de ação com elevada rentabilida-
de, que pode ser mesmo de semanas. Ou seja, passar a usar bem energia é um
investimento rentável, de baixo risco, que vem inclusive estimulando a forma-
ção de parcerias entre empresas e consultoras para lucrarem com este negócio,
como vimos no caso das ESCO's. Aqui surge outro dogma: não existe ação sen-
sata para o uso racional de energia que não tenha economicidade.
Falácia 3: A busca da eficiência vai afetar nosso volume de produção
e nossa qualidade
A última falácia tem a ver com os presumidos nexos consumo energé-
tico/qualidade do produto e consumo energético/produtividade, acreditando
alguns que reduzir sua demanda de energia irá afetar o volume de produção e a
qualidade de seu produto. Também este argumento não tem maior sustentação.
Mesmo quando se mantêm os aportes de energia útil em situações prospectivas,
obtém-se significativa economia de energia pela redução das perdas associadas
aos inevitáveis processos de conversão e transferência de energia. Economizar
energia não é sovinice, mas inteligência.
As auditorias e análises dos processos de conversão e uso de eletricidade
e combustíveis são elementos essenciais para a conscientização, esclarecimento
e envolvimento do pessoal de uma empresa com o uso racional da energia, per-