Danielle Steel - As Irmãs PT

(Carla ScalaEjcveS) #1

conversarem umas com as outras no caminho para casa. Tammy disse que queria voltar às
quatro horas, não fosse o caso de Annie acordar do sedativo que lhe deram. Sabrina disse
que iria com ela, mas Candy não quis ir.
— Não consigo suportar. É demasiado horrível. Por que razão não lhe podem dar os olhos
de outra pessoa qualquer?
— Não é possível, pois as lesões foram muito extensas. Temos de ajudá-la a suportar tudo
o melhor possível — respondeu Sabrina, mas quando chegaram a casa, todas se
arrastaram para fora do carro e entraram na cozinha com um ar completamente
desalentado.
O pai e Chris estavam mesmo a acabar de almoçar. Não era muito difícil adivinhar como a
manhã tinha decorrido.
Os dois homens ficaram aflitos e abalados quando viram as caras das três irmãs.
— Como foi? — perguntou Chris em voz baixa.
— Como reagiu ela? — perguntou-lhes o pai. Sentia-se um cobarde neste momento por
não ter ido com elas. Tinha a certeza de que Jane teria ido, mas ela era a mãe delas e sabia
lidar com aquele tipo de coisas muito melhor do que ele. Sentir-se-ia como um touro
numa loja de porcelanas à cabeceira da filha. Além disso, Tammy e Sabrina tranquilizaram
o pai, dizendo-lhe que não teria feito diferença nenhuma. Annie queria os seus olhos e
não o pai.
— Ela consegue ver alguma coisa? — perguntou Chris, ao mesmo tempo que colocava um
prato com sanduíches em cima da mesa da cozinha, mas nenhuma delas iria conseguir
comer.
Ninguém estava com fome. Candy desapareceu e voltou pouco depois, dizendo que
vomitara e que se sentia melhor. Fora uma manhã pavorosa para todas, mas
especialmente dolorosa para Annie.
— Ao que parece, só vê umas manchas cinzentas e um pouco de luz — respondeu Sabrina.
— O médico disse que ela pode vir um dia mais tarde a ver sombras e talvez até algumas
cores, mas nem sequer isso é uma certeza. Vai ser mais ou menos assim que as coisas
serão para sempre: um mundo cinzento e preto e nada que ela consiga distinguir.
Chris abanava a cabeça enquanto ouvia o que Sabrina dizia e tocou na face dela com
dedos carinhosos.
— Sinto muito, minha querida.
— Eu também — retorquiu Sabrina com tristeza, chegando-se mais perto de Chris com
lágrimas nos olhos.
— Como estava a Annie quando vocês saíram?
— Sedada. Soluçou durante horas a fio e por fim a enfermeira teve de lhe dar uma
injecção. Eu também já estava preparada para tomar alguma coisa. Enquanto ela não se
adaptar a esta situação, vai ser um pesadelo. Vou ter de telefonar à psiquiatra que o
médico recomendou. Estou preocupada, porque Annie pode vir a cair numa profunda
depressão, ou pior ainda.
Já houve pessoas que cometeram suicídio por menos do que isso e era esse o maior receio
de Sabrina. Nunca ninguém na família revelara tendências suicidas, mas também nenhum
deles perdera a mãe e a visão de uma tacada só. Sabrina queria fazer tudo o que fosse
possível para ajudar e proteger a irmã. Afinal, era para isso que as irmãs existiam.

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