Danielle Steel - As Irmãs PT

tirá-la daquele mau humor corrosivo, mas sem sucesso. Por fim, levaram as palavras dela
à letra e foram-se embora, prometendo voltar mais tarde, caso ela lhes ligasse e quisesse
que regressassem nesse dia ou no dia seguinte.
As duas irmãs falaram sobre o que se passara no caminho para casa. Sabrina pensava que
talvez o facto de Annie estar zangada fosse um bom sinal. Além disso, não tinha mais
ninguém em quem descarregar a sua raiva, a não ser nelas. Na verdade, Annie estava
apenas a lamentar-se porque o destino lhe levara a mãe e a deixara cega de um só golpe.
Fora, com efeito, uma sorte cruel.
— Que vamos nós fazer em relação à casa? — perguntou Candy, parecendo preocupada.
— E se a Annie não quiser vir morar connosco?
— Ela vai concordar — respondeu Sabrina com calma. — Também não tem muito por
onde escolher.
— Isso é triste — comentou Candy, começando a sentir pena da irmã outra vez.
— É verdade. Tudo isto é muito triste. Para ela, para o pai e para nós. Mas temos que
saber tirar partido da situação e superar tudo o melhor possível.
Sabrina ainda estava entusiasmada com a casa que tinham encontrado. Era perfeita para
elas.
— Annie vai cair em si — afirmou Sabrina, esperando que isso fosse verdade.
Quando chegaram a casa, havia uma mensagem da psiquiatra no atendedor de chamadas.
Sabrina retribuiu-lhe o telefonema, contou-lhe o que se passara e a médica concordou em
ir até lá ver a Annie. Disse que o seu consultório se situava em Nova Iorque, mas, em
circunstâncias especiais, abria excepções e ia visitar os doentes onde eles se
encontrassem. A situação de Annie parecia ser suficientemente especial para ela. A
médica prometeu que viria na quarta-feira e sentiu-se encorajada quando soube que as
irmãs iriam mudar-se para a cidade nas próximas semanas. Tinha tempo para aceitar
Annie como paciente e mostrou-se interessada no caso dela. Sabrina ficou aliviada e
achou que a médica tinha uma voz simpática ao telefone. Fora muito bem recomendada
pelo cirurgião que operara Annie.
Sabrina deixou uma mensagem no telemóvel de Tammy, dizendo-lhe que tinham ficado
com a casa. E depois passou o resto da tarde a fazer telefonemas e a tomar
apontamentos. Telefonou para o escritório para confirmar o seu regresso e em seguida
ligou para o seu senhorio para saber o que precisava de fazer para entregar o seu
apartamento. Pareceu-lhe ser um procedimento bastante simples. Explicou-lhe as
circunstâncias e ele mostrou-se compreensivo e prestável.
Só voltaram a visitar Annie no dia seguinte. Quando lá chegaram, uma enfermeira estava a
ajudá-la a dar uns passos no corredor, mas Annie não parecia estar satisfeita. Pressentiu a
presença das irmãs antes delas a saudarem. Então, agarrou-se ao braço de Sabrina
enquanto se encaminhavam de volta para o quarto dela. Annie parecia nervosa e
mostrava-se ansiosa sempre que esbarrava nas coisas. Mais do que nunca, vê-la fora do
quarto fez com que as irmãs percebessem como ela estava vulnerável. Annie parecia uma
tartaruga sem carapaça. Ficou muito quieta e calada depois de entrar no quarto e, por
fim, resolveu-se a contar-lhes. Falara com Charlie. Annie exibiu um ar triste quando o
mencionou e ambas sabiam porquê.
— Ele esteve na Grécia e disse que só agora é que conseguiu apanhar uma rede de jeito,