por isso o telemóvel não funcionava — explicou Annie e hesitou antes de prosseguir. —
Charlie disse que conheceu outra pessoa. É muito giro, não é? Parti de Florença há menos
de duas semanas e nessa altura ele estava loucamente apaixonado por mim. E agora, no
espaço de alguns dias, conhece outra pessoa. Charlie foi um traste ao telefone. Não quis
conversar. Acho que deve ter ido para a Grécia com ela.
Duas lágrimas escorreram-lhe pelas faces quando disse isto e Sabrina enxugou-as com
delicadeza.
— Os homens, por vezes, conseguem ser uns trastes. Acho que as mulheres também o
são. As pessoas, em geral, podem sê-lo. Foi uma coisa desprezível o que ele fez contigo —
comentou Sabrina, sabendo que era ainda mais desprezível do que Annie podia imaginar.
— Pois foi. Não lhe disse que estou cega, portanto não foi por causa disso. No entanto,
contei-lhe sobre o acidente e que a mãe tinha morrido. Mas disse-lhe que estava bem.
Não queria que ele sentisse pena de mim. Se estivesse tudo bem entre nós, eu ter-lhe-ia
contado. Assim, Charlie podia decidir se iria importar-se com isso. Mas não fui tão longe.
Charlie contou-me aquilo quase no mesmo instante em que atendeu o telefone.
Ao ouvir a irmã falar, Sabrina decidiu que seria melhor assim. E ficou satisfeita por ter
telefonado a Charlie a avisá-lo. Se Annie lhe tivesse contado e ele a rejeitasse, teria sido
muito pior. Sendo assim, Annie ficava a pensar que tinha sido abandonada por causa de
outra mulher. Que raio de sorte!
Já para não falar no péssimo comportamento da parte de Charlie. Contudo, não seria o
golpe fatal de saber que um homem já não a queria porque estava cega. Foi melhor assim,
perdê-lo para sempre. Era óbvio que Charlie não era um bom sujeito.
— Sinto muito, Annie — disse Sabrina e Candy disse-lhe que ainda conheceria outros
rapazes e que Charlie era claramente um imbecil.
— Agora nunca mais vai haver mais rapazes disponíveis para mim. Ninguém quer uma
mulher que seja cega — declarou Annie, sentindo pena de si mesma.
Sabrina decidiu não contar nada ainda à irmã sobre a psiquiatra, mas sentiu-se contente
por ela vir visitar Annie para observá-la.
— É claro que vai — respondeu Sabrina com delicadeza. — És tão bonita, tão inteligente e
tão simpática como eras antes. Nada disso mudou.
— Tu sabes como eu estou sempre a levar tampas — acrescentou Candy e as duas irmãs
riram-se.
Era difícil acreditar numa coisa dessas com a beleza de Candy.
— Muitos dos rapazes com quem saio não passam de uns idiotas chapados. Alguns tipos
da nossa idade são assim mesmo. Não sabem o que querem. Hoje estão apaixonados por
nós e amanhã já querem outra pessoa. Ou então só querem levar-nos para a cama, ou
conseguir que os levemos a uma festa. Há muitos oportunistas por aí à solta.
Sabrina apercebeu-se de que este era provavelmente um dos aspectos normais da vida de
Candy. Muitas pessoas queriam usá-la. E ela era demasiado nova para conseguir lidar com
tudo isso. E Tammy também não andava em maré de sorte com os homens da sua idade e
também com os mais velhos. Os homens podiam ser um osso duro de roer em qualquer
idade.
— Vocês as duas fazem com que eu me sinta satisfeita por não ser tão jovem. Já me tinha
esquecido como são imbecis os tipos de vinte anos. Cheguei a sair com alguns cromos
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
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