Danielle Steel - As Irmãs PT

— Mas que grande filho-da-mãe — resmungou Chris num sussurro e Tammy ficou
arrasada pela irmã, assim como Sabrina. Não era assim que deveria ser.
Foram visitar Annie ao hospital nessa tarde. Ela ainda estava inconsciente e ficaria assim
por mais um ou dois dias, por causa da sedação. Por conseguinte, Annie ainda estaria a
dormir na terça-feira, o dia do funeral da mãe, coisa que as outras acharam que seria uma
bênção para ela.
Jantaram todos juntos em casa nessa noite e Sabrina e Chris cozinharam o jantar. Estavam
cansados e deprimidos e o pai mal proferiu duas palavras durante a noite inteira, voltando
para a cama logo em seguida. Pelo menos, Candy ficou a pé, e os quatro sentaram-se a
conversar até tarde sobre a infância de cada um, sobre as suas esperanças e os seus
sonhos e sobre as recordações loucas que vinham à tona em circunstâncias difíceis como
aquela.
Na segunda-feira, os médicos desligaram Annie do ventilador. Tammy e Sabrina estavam
com ela; Candy e Chris aguardaram na sala de espera, caso alguma coisa corresse mal. Foi
um momento de tensão, mas conseguiram superá-lo. As duas irmãs mais velhas ficaram
agarradas à mão uma da outra e choraram quando Annie respirou sozinha pela primeira
vez. Sabrina olhou depois para Tammy e disse que se sentia como se tivesse acabado de a
dar à luz. Os médicos reduziram a sedação depois disso, esperando que Annie acordasse
devagar, por si, nos próximos dias.
O velório na câmara mortuária realizou-se nessa noite e foi uma coisa horrível.
Apareceram centenas de amigos dos seus pais, amigas de infância das raparigas, pessoas
com quem Jane trabalhara nas suas organizações de beneficência e outras pessoas que
elas nem sequer conheciam. Passaram três horas a apertar mãos, agradecendo as
condolências. As raparigas haviam espalhado várias fotografias belíssimas da mãe pela
sala. Sentiam-se esgotadas quando chegaram a casa e nessa noite toda a gente foi directo
para a cama. Estavam demasiado cansadas para conversar, para pensar ou para se
mexerem. Não conseguiam acreditar que a mãe ainda estava viva há apenas dois dias.
Toda a gente no velório perguntou por Annie e elas tiveram também que explicar o que
sucedera com a irmã, muito embora ainda não tivessem dito a ninguém que ela estava
cega. Por uma questão de dignidade e por respeito para com Annie, as irmãs decidiram
que deveria ser ela a primeira a saber.
O funeral realizou-se no dia seguinte, às três horas da tarde. Tammy e Sabrina foram
visitar Annie naquela manhã; ela ainda dormia com toda a tranquilidade. De certa
maneira, ambas se sentiram aliviadas. Seria demasiado se Annie descobrisse sobre a sua
cegueira também nesse dia. Pelo menos, teriam mais um dia para poderem respirar.
O funeral, em si, foi uma tremenda agonia. Foi simples, bonito, elegante e do mais
perfeito bom gosto. Havia lírios-do-vale e orquídeas brancas por todo o lado. Em certos
aspectos parecia mais um casamento do que um enterro e a igreja estava cheia, assim
como ficou a casa delas logo depois. Compareceram trezentas pessoas na casa dos Adams
para recordá-la, para beber e para comer do bufete. Mais tarde, Sabrina disse a Chris que
nunca se sentira tão cansada em toda a sua vida. Estavam prestes a ir sentar-se na sala de
estar quando ligaram do hospital. O coração de Tammy parou quando atendeu. Assim que
o médico interno do hospital se identificou, ela só conseguiu pensar que Annie tinha
morrido e isso matá-las-ia nesse momento. Já haviam passado por muito mais coisas do