mulher desejaria. Era cedo, mas era a altura certa. Durante toda a sua vida, Jane fora
generosa com o marido, com as filhas e com os amigos.
Quando as raparigas seguiram o pai até à sala de jantar, ficaram chocadas com o que ali
viram. Não estavam preparadas para aquilo e o pai não as avisara. Tammy soltou um
pequeno suspiro de dor e deu um passo atrás. Sabrina tapou os olhos com a mão por um
momento. E Candy limitou-se a ficar ali de pé, começando a chorar.
— Oh pai... — foi tudo o que Tammy conseguiu dizer. Ainda não estava preparada para
enfrentar aquilo. Doía-lhe olhar para todas aquelas peças tão familiares, mas agora estava
ali diante dos seus olhos uma das muitas prendas que a mãe deixara para as filhas, com a
aprovação do pai.
Espalhara todas as joias de Jane em cima da mesa da sala de jantar, em filas ordenadas, os
anéis, as pulseiras e os brincos tão familiares que ela usara, o colar de pérolas da mãe, os
presentes que o marido lhe oferecera ao longo dos anos, em aniversários importantes, no
Natal, em acontecimentos importantes, como o nascimento das filhas. Com o seu êxito
nos negócios, as prendas foram aumentando ao longo dos anos. Não eram joias de valor
incalculável, como algumas das que Tammy já vira em Hollywood, ou que Candy usava nas
sessões fotográficas para a Vogue, ou para as campanhas publicitárias para a Tiffany ou
para a Cartier. Mas eram peças muito bonitas que a mãe usara e que adorava. Cada peça
sobre a mesa da sala de jantar fazia-lhes lembrar a mãe sempre que as usava, apesar de
parecer um pouco que estavam a roubar as joias dela, assaltando o seu cofre das joias
enquanto ela estava fora e teriam de lhe prestar contas quando ela voltasse. Todas ainda
queriam acreditar que a mãe ia voltar. Expor as joias dela, assim como o pai fizera, era
uma maneira de admitirem que a mãe partira para sempre e que agora teriam de entrar
no mundo dos adultos sem nada que as protegesse do que a vida ainda lhes reservava,
fossem coisas boas ou más. De repente, independentemente da idade de cada uma, elas
eram mulheres adultas. Já não tinham mãe. Era uma sensação demasiado adulta.
— Pai, tem a certeza de que quer fazer isto? — perguntou Sabrina com os olhos
arregalados e cheios de lágrimas.
Tammy também estava a chorar baixinho. Era muito duro.
— Sim, tenho a certeza. Não quis esperar até ao Dia de Acção de Graças, quando vocês
voltarem cá de novo. A Annie não está aqui, mas agora também não pode escolher as
peças e vocês sabem do que ela gosta. Podem escolher por ela, ou fazerem trocas mais
tarde se quiserem. Quero que escolham à vez, uma por uma. Cada uma de vocês escolhe
alguma coisa, depois vem a seguinte, por ordem de idade, uma vez cada uma, até
repartirem tudo. A mãe queria que vocês ficassem com elas. Há aqui coisas muito boas e
muito bonitas. São todas vossas — declarou o pai com calma e depois saiu da sala,
enxugando as lágrimas que lhe corriam pelas faces.
Ia deixar ao critério das filhas, sabendo que elas seriam justas. Além disso, também fora
buscar os quatro casacos de peles da mulher, dois de visom, um de raposa e um de uma
lindíssima pele de lince que lhe comprara no último Natal. Cada um dos casacos estava
estendido sobre uma cadeira da sala de jantar. Era muita coisa para assimilar.
— Uau! — exclamou Sabrina, sentando-se numa das cadeiras da sala de jantar e olhando
fixamente para tudo o que estava em cima da mesa. — Por onde começamos?
— Ouviste o pai — respondeu Tammy em tom sombrio. — Por ordem de idade. Isso quer
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1