namorar. Se eu ouvir nem que seja mais uma história da treta de algum tipo que ainda
não conseguiu encontrar a mulher certa nos vinte anos em que está divorciado, ao mesmo
tempo que anda a enganar-me com uma vedetazinha com vinte anos, que é vegetariano e
tem de levar clisteres duas vezes por semana para se manter de pé, cuja ideologia política
se situa à esquerda de Lenine e que me pede, como quem não quer a coisa, para lhe
arranjar um papel importante no programa... sou capaz de vomitar, coisa que já fiz.
Prefiro pôr a gravar os meus programas favoritos e ficar em casa com a Juanita, a ler
guiões, depois de sair do escritório às dez e meia da noite, que é o que eu faço a maior
parte das vezes. Não vale a pena dar-me ao trabalho de me maquilhar e calçar sapatos de
salto alto para esse tipo de homens. Acho mesmo que vou acabar por ficar sozinha.
Sempre é melhor do que as escolhas que por lá existem — disse Tammy que, aos vinte e
nove anos, quase desistira. — Experimentei marcar encontros pela Internet umas duas
vezes, no ano passado. Foi ainda pior. Um desses tipos levou-me a jantar e não tinha
dinheiro suficiente para dar de gorjeta, depois perguntou-me se eu lhe podia emprestar
dinheiro para a gasolina para poder voltar para casa. O outro admitiu que fora gay durante
toda a sua vida e que tinha feito uma aposta com o seu namorado em como seria capaz de
sair com uma mulher, nem que fosse por uma vez. Para mim chegou. Já estou farta dos
Tarados do Clube Mundial. Eu sou o seu membro mais antigo e devo bater todos os
recordes dos números de encontros com anormais incorrigíveis e desesperados.
Sabrina foi forçada a rir-se com o que a irmã acabara de dizer, mas sabia que era verdade,
pelo menos para Tammy. Ela tinha pouca sorte com os homens que conhecia. Era uma
mulher bem-sucedida, poderosa na sua indústria, num mundo de narcisistas e de
manipuladores que queriam sempre todos alguma coisa dela, sem lhe darem nada em
troca. E, contudo, Tammy era bonita, inteligente, bem-sucedida e jovem. Era difícil de
acreditar que não fosse capaz de encontrar um homem decente, mas, de facto, isso ainda
não acontecera. Tammy trabalhava demasiado, quase não tinha tempos livres e já nem
sequer se dava ao trabalho de os arranjar. Passava os fins-de-semana a trabalhar, ou
ficava em casa com a sua cadela.
— Além disso — acrescentou ela — seria demasiado traumático para a Juanie se eu me
envolvesse com um fulano. Ela odeia homens.
— Ela adora o Chris — protestou Sabrina com um sorriso.
— Toda a gente adora o Chris. Menos tu — admoestou-a Tammy, e Sabrina negou esse
facto com toda a veemência.
— Isso não é verdade. Eu amo-o, o suficiente para não querer estragar tudo o que
construímos.
— Não sejas cobardolas — disse-lhe Tammy. — O Chris vale a pena o risco. Nunca hás-de
encontrar um tipo melhor do que ele. Vai por mim, já vi e conheço os piores trastes. Já
namorei com todos eles. O Chris é um borracho e é um amor, em todos os sentidos. Tu
ganhaste a sorte grande. Nunca o ignores nem o menosprezes. Senão, dou-te uma sova de
criar bicho.
Em resposta, Sabrina soltou uma gargalhada.
— Porque não te mudas para Nova Iorque se os homens lá na Califórnia são tão horríveis?
— interrogou Sabrina que já se perguntara o mesmo várias vezes.
Sabia como era solitária a vida da irmã em LA e estava preocupada com ela. Sabia que a
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1