pudesse. Mas era caro de mais para as posses de Sabrina.
— Estava a contar com qualquer coisa muito mais razoável do que isso.
— É um local muito exclusivo e singular — respondeu a consultora, parecendo aborrecida,
mas Sabrina não se intimidava com muita facilidade. — E a propósito, não aceitam cães.
Têm tapetes brancos e soalhos novos em folha — rematou a funcionária e Sabrina sorriu.
— Agora, percebo. Todas temos cães. Pequenos, é evidente — disse ela, para não alarmar
a mulher.
Teriam de esconder Beulah debaixo de uma sebe algures. Tinha patas curtas, mas
pequena por certo que não era.
— Mas acho que isso nos exclui do apartamento do bairro do matadouro, seja qual for o
preço.
— Sem dúvida. Eles não estão dispostos a ceder. O lugar é bastante novo. No entanto,
tenho aqui outra coisa. É quase o oposto deste e num ambiente completamente
diferente. O do centro é muito claro e arejado e tudo é fabuloso e novo. O apartamento
do norte da cidade tem muito charme.
"Oh, oh", pensou Sabrina para com os seus botões. Talvez não fosse tão fabuloso, e não
estaria a cair aos bocados?
Mas talvez o preço fosse mais razoável. Também não poderia excluí-lo desde já, à partida.
Ganhava bem, mas não tinha dinheiro para comprar as coisas que a irmã mais nova tinha,
nem por sombras.
— Que tal é? — perguntou Sabrina com cautela.
Se não era claro e arejado, seria talvez escuro e sombrio? Mas se assim fosse, talvez lhes
permitissem ter cães.
— Trata-se de uma casa geminada na Rua Oitenta e Quatro Este e fica bem na parte
oriental, o que a coloca muito perto de Gracie Mansion, tratando-se de um bonito bairro
antigo. Como é óbvio, não está tão na moda como o centro, mas é uma boa casa.
Pertence a um médico que acabou de perder a mulher. Vai tirar um ano de licença
sabática. Penso que é um psiquiatra. Disse que ia para Londres e para Viena. Está a
escrever um livro sobre Sigmund Freud e tem um cão, por isso é muito provável que não
se oponha à presença dos vossos. É uma casinha muito bonita, não é nenhuma obra de
arte, mas possui muito charme. A mulher do médico era decoradora, por isso tirou o
máximo partido de todos os cantos da casa. O senhor pretende alugá-la por um ano e se o
inquilino não se importar, ele gostaria de lá deixar alguns móveis. Caso contrário, disse-me
que poderia alugar uma arrecadação para guardá-los.
— São quantos pisos?
Sabrina estava a pensar em Annie. Provavelmente, um apartamento de um só piso seria
mais fácil para ela do que uma casa, e não haveria segurança se morassem numa casa
geminada. Se ela precisasse de ajuda, não haveria ninguém a quem pudesse recorrer.
— Quatro. O último andar é uma espécie de sala comum. A casa tem um jardim, nada de
especial, mas é bonito. Os quartos de dormir são pequenos, mas também já sabe como
são essas casas antigas. Mas tem quatro quartos. Disse-me que só precisaria de três, mas
poderá usar o outro como escritório.
Além disso, a cozinha e a sala de jantar situam-se na cave, por isso é um bom bocado
entre o frigorífico e os quartos, mas há um frigorífico e um microondas na sala comum do
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
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