— Preocupamo-nos com isso na altura devida. Isto precisa de ficar bem
esclarecido. A decisão não é vossa.
Em Jalalabad, o jantar já terminara e a louça fora levantada. Os homens das
túnicas brancas já tinham voltado para a sala pequena e quente. Metade da
conversa entre ambos foi composta por cuidadosas e ritualísticas advertências de
que ainda não tinham alcançado nada. Em definitivo, não. Com toda a
segurança, não. Estavam perto, mas não era certo. Citaram-se provérbios
antigos, velhas recitações tribais na linha de não se contar com os ovos na
barriga da galinha. Mas, na outra metade da conversa, não fizeram mais do que
contar com esses mesmos ovos. Contaram-nos uma e outra vez. Especulações
gloriosas e sonhadoras. Fizeram listas e reviram-nas sem parar, sorrindo e
baloiçando-se nas almofadas. Era o mais próximo de erótico a que aqueles tipos
chegavam.
Tinham de escolher dez cidades. Concordaram que Washington, D.C., Nova
Iorque e Londres tinham de estar incluídas. Não eram negociáveis. Restavam
outras sete. Paris poderia ser a quarta. E depois Bruxelas, por causa do quartel-
general da NATO e do Parlamento Europeu. E Berlim, porque... porque não?
Sobravam quatro. Moscovo talvez fosse importante para os irmãos do leste da
Europa. E Telavive, evidentemente, embora isso fosse, no fundo, uma questão à
parte. Faltavam duas. Amesterdão? Chicago? Los Angeles? Madrid?
Foi então que fizeram questão de se recordar de novo que não podiam contar
com os ovos. Essa resolução durou menos de um minuto. Baloiçaram-se em
silêncio e, a seguir, recomeçaram a partir do quarto sítio. Será que São Francisco
deveria ficar à frente de Paris? A Golden Gate Bridge?
O americano saiu do autocarro no coração da zona comercial da Baixa.
Exibia um sorrisozinho no rosto. O autocarro tinha reduzido a velocidade para
virar perto de um miniparque e ele vislumbrara, pela janela do outro lado do