Escola da Noite

imprensa do exército.
As folhas eram cópias muitíssimo nítidas a preto-e-branco de uma típica
ficha militar, referente ao soldado de primeira classe Horace-sem-segundo-
nome-Wiley, que tinha trinta e cinco anos e era de Sugar Land, no Texas. Estava
a chegar ao fim dos três anos da primeira comissão de serviço. Tinha entrado
para o exército com trinta e dois anos. Tinha um metro e setenta e dois e uma
constituição esguia. Como um corredor de fundo.
A segunda folha tinha a fotografia dele. Que tinha estado presa com um clipe
ao canto superior direito. Não era uma foto tipo passe, como antigamente, mas
uma coisa maior. Talvez sete e meio por cinco. A impressão tinha tornado os
realces mais claros, como néon líquido, e os sombreados, fuliginosos. A imagem
do clipe propriamente dito parecia fotográfica, mas também radioativa.
Era o mesmo tipo.
As imperfeições da impressão atribuíam uma natureza manual à imagem,
como um retrato a carvão. Como o retrato a lápis. O mesmo retrato. O mesmo
tipo. De certeza. Sem dúvida. O sobrolho, as maçãs do rosto, os olhos
encovados. O nariz, parecido com uma lâmina. O vinco na face, perfeitamente
paralelo. O maxilar contraído, como se estivesse a apertar os dentes. A boca, um
corte fino, completamente desprovido de expressão.
Apenas o cabelo era diferente. A fotografia já tinha três anos. Horace-sem-
segundo-nome-Wiley tinha entrado para o exército com o típico corte curto de
um rapaz do campo. Em cheio no alvo, no que dizia respeito ao Regulamento
Militar 670-3-2. As coisas extremas, excêntricas e caprichosas tinham vindo
todas mais tarde.
— Vamos mostrar a fotografia ao senhor Klopp — disse Sinclair. — Mas a
verdade é que não restam dúvidas. Parabéns, major. E sargento. Um trabalho
notável. Começaram com duzentos mil.
Reacher retorquiu:
— Mas foi só porque houve alguém que registou de forma idiota um
telefonema idiota, que sobreviveu para aí a uns sete níveis de burocracia até ir
parar ao próprio governo dos Estados Unidos. Estamos sempre a tentar cortar na