Escola da Noite

— Gostas deste sítio?
No palco, estava uma mulher nua deitada num resguardo de plástico. Com
três homens a urinarem-lhe para a cara.
— Parece ser muito popular — respondeu a mensageira.
— Podemos ir para um hotel.
Tinham-na treinado.
— Estamos a tratar de um negócio, senhor. Que só pode prosseguir quando
eu voltar para o meu país sã e salva — disse ela.
— Okay — retorquiu Wiley. — Já percebi. Mas tens de me dar uma coisinha
qualquer. Somos amigos. Estamos a comemorar. Estou a dar-vos uma coisa que
nunca tiveram. Mais um botão.
— O quê?
— Da tua camisa. Aqui mesmo. Como um gesto de boa vontade. Para selar o
negócio.
As lutas grandiosas exigem sacrifícios grandiosos. E o preço até era pequeno,
pensou. A sala estava à escura. Não havia ninguém a ver. Estavam todos a olhar
para o palco. Desapertou o terceiro botão. E abriu a camisa. Wiley espreitou e
sorriu.
— Eu sabia que era capaz de te convencer a fazer isso — disse.
Ela afastou-se, pelo meio da multidão, ignorando as mãos que a apalpavam,
subindo as escadas, passando pelo porteiro sentado no banco e saindo para a rua,
onde deu vinte passos e fez sinal a um táxi para parar. Instalou-se no banco de
trás e disse, num alemão cuidadosamente treinado:
— Para o aeroporto, por favor. Partidas internacionais.