Escola da Noite

(Carla ScalaEjcveS) #1

testemunha. Para uma confirmação.
— Teria todo o gosto em entregar-lhe uma cópia.
— Se não lhe der muito trabalho — retorquiu Muller.
— De modo nenhum.
— Agradeço-lhe imenso.
A mulher enfiou-se no espaço sagrado e Muller ouviu uma gaveta a abrir-se.
A seguir, a secretária saiu do gabinete, com uma folha de papel espesso
protegida por um invólucro de plástico. Ligou a fotocopiadora. Muller ouviu
cliques e outros barulhinhos e sentiu o cheiro de tinta quente. Ouviu a porta do
elevador abrir-se com um baque surdo. E viu mais duas secretárias a saírem de
lá. Malas, casacos, movimentos matinais enérgicos. Passaram ambas por ele,
sorrindo educadamente, prontas para meter mãos ao trabalho.
A secretária de Griezman levantou a tampa da fotocopiadora e pousou o
retrato virado para baixo. Tocou num botão. A máquina zumbiu. E produziu uma
fotocópia.
A porta do elevador abriu-se de novo. Não era Griezman. Apenas um homem
de fato. Muller conhecia-o vagamente. O homem disse-lhe bom dia com a
cabeça e seguiu caminho.
A secretária de Griezman entregou a cópia a Muller. Tinha sido feito com
lápis de cor. Um homem descarnado, com uma testa proeminente, maçãs do
rosto igualmente proeminentes, olhos encovados e cabelo comprido loiro.
Muller disse «Obrigado» e foi-se embora, avançando pelo corredor até à
saída de emergência e descendo as escadas de incêndio até ao piso dele,
atravessando o respetivo corredor e entrando no gabinete que lhe cabia, onde
começou de imediato a criar um registo falso acerca de um ciclista ferido e do
condutor que o tinha atropelado e fugido. Só para o caso de Griezman se lembrar
de ir verificar.


Reacher e   Neagley foram   diretos ao  átrio.  Neagley disse:
— Precisamos de arranjar as ordens de destacamento do Wiley. Sem
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