Escola da Noite

(Carla ScalaEjcveS) #1

primeira classe, mas ainda não era um oficial subalterno. Trazia um uniforme
militar normal castanho e verde. Tinha um ar muito disciplinado e ordenado. E
talvez uns vinte anos. Parecia ser um bom soldado. A placa de identificação dizia
que se chamava Coleman.
Neagley pôs três cadeiras a um canto sossegado e sentaram-se os três.
Reacher disse:
— Obrigado por ter vindo, soldado. Agradecemos-lhe. Explicaram-lhe do
que se trata?
— Disseram-me que o senhor major me iria fazer perguntas sobre o soldado
raso Wiley — respondeu Coleman.
Tinha um sotaque do Sul. Talvez das colinas da Geórgia. Estava empoleirado
na borda da cadeira, no que equivalia à versão sentada de estar em sentido.
Reacher disse:
— Os relatórios de há quatro meses a esta parte indiciam que o Wiley se
sentia contente por fazer parte da vossa unidade. Esses relatórios estavam
corretos?
— Sim, senhor major, creio que estavam.
— Contente e realizado?
— Sim, senhor major, creio que se sentia assim.
— Não se sentia minimamente vitimizado nem oprimido?
— Não, senhor major, tanto quanto eu saiba.
— O que faz dele um caso muito invulgar de um soldado ausente sem
autorização. E torna completamente impossível que você ou a sua unidade sejam
responsabilizados. Não têm culpa de nada. Não há forma prática de fazer com
que a coisa seja culpa vossa. Uma centena de burocratas podia passar uma
centena de anos a dactilografar numa centena de máquinas de escrever sem
mesmo assim conseguir responsabilizá-los. Compreende? Sabemos que o Wiley
partiu por razões externas.
— Sim, senhor major, a nossa conclusão também foi essa — retorquiu
Coleman.
— Portanto, descontraia, okay? Ninguém o está a acusar de nada. Não

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