Escola da Noite

(Carla ScalaEjcveS) #1

arranjar um problema maior.
— E há algum problema maior do que este?
— Ele não sabe que isto é muito mau.
— E devíamos explicar-lhe? — perguntou Sinclair. — Será que devíamos
fazer um pedido de ajuda oficial?
White disse:
— Isso seria um desastre político. Daria uma imagem de fraqueza. A Rússia
é praticamente aqui ao lado. Não podemos lavar a roupa suja em público.
Waterman acrescentou:
— E, seja como for, já é demasiado tarde. Os alemães demorariam meio dia
só para responder. E demoraríamos um dia inteiro para os informar da situação
devidamente. Talvez mais, porque estão a começar do zero. O que significa que
o Wiley ganharia, no mínimo, um avanço de trinta e seis horas. E, por essa
altura, já podia estar sabe-se lá onde. Isto agora é um país grande.


O escritório de Dremmler ficava no quarto andar de um edifício
exclusivamente dele. Desceu no elevador, um original da década de 1950. De
confiança, mas lento. Demorou vinte segundos a chegar ao átrio. E, durante esse
tempo, Dremmler importou e vendeu trinta e três pares de sapatos brasileiros. O
que era uma boa estatística. Um milhão de pares por semana. Mais de cinquenta
milhões de pares por ano.
Saiu do edifício e atravessou um, dois, três quarteirões, sob o sol fraco do
meio-dia, até ao bar com a fachada de madeira envernizada. Em tempos, teria
sido considerado demasiado cedo para uma pausa para almoço, mas o sítio já
estava apinhado de gente. Porque as novas horas de serviço escalonadas
implicavam que as pausas para almoço acontecessem ao longo do dia inteiro,
como numa sucessão ininterrupta de turnos.
Dremmler avançou pelo meio da multidão, cumprimentando as pessoas até
ver Wolfgang Schlupp sentado num banco ao balcão. Não era um espécime
impressionante. Cabelo escuro, olhos escuros, rosto moreno e magro, com a

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