um rumor de que as reparações em toda a fila de casas geminadas, a seguir aos
bombardeamentos durante a guerra, tinham sido mal feitas. Mas depois o
relatório de um engenheiro demonstrara precisamente o contrário. Os preços
tinham duplicado da noite para o dia. E Schlupp antecipara-se. Tinha ouvido
uma conversa no bar, costas com costas com dois funcionários municipais que se
encontravam a trocar mexericos.
Subiu as escadas, passando pelo átrio do segundo andar, depois pelo do
terceiro e por aí fora.
Wiley ouviu-o a aproximar-se. Estava encostado à parede, na sombra entre
uma boca de incêndio com armário e um cano para a água quente. Tinha uma
pistola na mão. A sua Beretta M9, refugo do exército, comprada a dois imbecis
que andavam a roubar uma empresa de distribuição, no mesmíssimo bar onde o
conversador senhor Schlupp exercia o seu ofício que afinal não era assim tão
secreto.
Schlupp entrou no último andar, cortou à esquerda e abriu a porta de casa
com a chave. Wiley saiu das sombras e deu-lhe um encontrão para dentro do
apartamento, fechando a porta com o calcanhar e empurrando-o pelo corredor,
até chegarem a uma sala de estar espaçosa, uma coisa toda urbana e cinzenta, em
tijolo simples, onde Schlupp tropeçou, caindo em cima de um sofá de cabedal
preto e ficando ali deitado, indefeso.
Wiley ficou em pé e apontou-lhe a pistola à cara.
— Ouvi dizer que me ias trair, Wolfgang — disse.
— Não é verdade — respondeu Schlupp. — Nunca faria uma coisa dessas.
Como ficava o meu negócio?
— Disseste ao Dremmler que ias fazer isso.
— Ia inventar um nome para pôr o tipo a caçar gambozinos.
— Tens aqui registos?
— Está tudo em código.
— E porque não inventaste um nome logo no bar? Porque esperaste para ir