Escola da Noite

(Carla ScalaEjcveS) #1

O Mercedes suspeito já lá não estava.
Mas agora, mais próximo de onde ele se encontrava, havia outro Mercedes.
Novinho em folha. Um modelo topo de gama. Uma limusina. Muito preta e a
brilhar infinitamente de tão polida. Com um motorista de luvas e boné com pala
sentado ao volante. Um serviço de luxo, com certeza. Wiley percebia de carros.
Um banco, talvez. A dar a um executivo júnior um cheirinho da vida boa. Para o
manter ávido. Para o manter na linha. Ou, então, um casal a comemorar um
aniversário. Uma ida a Paris. Carros tanto à partida como à chegada. Talvez o
tipo tivesse feito alguma asneira. Talvez se estivesse a esforçar.
Wiley saiu de trás do edifício vizinho e avançou até ao átrio do prédio dele.
Os elevadores estavam ambos no rés do chão. A meio do dia. Não se passava
nada. Subiu até ao nono andar e puxou da chave.


Na berma, o motorista da limusina ligou o rádio e disse:
— O Wiley acabou de entrar em casa. Repito, o Wiley entrou.
— Mantenha a linha de comunicação aberta. Temos de ligar para o Griezman
— responderam da central.
Ouviu-se estática e, a seguir, o homem da central voltou a aparecer na linha e
anunciou:
— O Griezman disse para ficar aí quietinho e que viria assim que pudesse.
Com os americanos. Quatro, ao todo. No carro do Griezman.
— Entendido — respondeu o motorista.
Desligou o microfone e voltou à pose anterior, boné para baixo, nariz
levantado, mãos bem altas no volante, embora o carro estivesse parado e
desligado.


Wiley abriu a porta amarela com a chave e entrou. Foi direto ao quarto pegar
na mala. E daí para a cozinha. Dobrou o mapa pelos vincos originais, alisou-o e
guardou-o no bolso da mala. Com a capinha de papel do agente de viagens. Com

Free download pdf