Escola da Noite

(Carla ScalaEjcveS) #1

Não era turca nem italiana. Pashtun, provavelmente, da fronteira noroeste.
Uma tribo de tempos imemoriais. Cartógrafos obedientes desenhavam linhas e
escreviam Índia, Paquistão ou Afeganistão, com os pashtuns a sorrir
educadamente e a seguir o seu caminho eterno.
— Quem é o senhor? — perguntou a mensageira.
Reacher apontou com a cabeça para dentro da porta meio aberta e disse:
— O senhor Wiley está aqui dentro.
Os homens deixaram-se ficar para trás, para que a mensageira fosse à frente.
Reacher observou-lhes os rostos. Viu-os a aperceberem-se da realidade. Um
espaço vazio. Um homem morto no chão. Um lago de sangue a ressequir. Três
figuras por explicar paradas um pouco atrás dele.
Alguma coisa errada.
Reacher sacou da pistola.
Os dois homens e a mulher viraram-se para trás.
— Estão presos — afirmou Reacher.
As reações divergiram consoante o sexo. Reacher observou uma sucessão de
conclusões antigas e desesperadas nos olhos dos dois homens. Eram
trabalhadores temporários num país estrangeiro. Não possuíam estatuto, poder,
influência, direitos ou expectativas. Não havia ninguém mais abaixo. Eram carne
para canhão.
Não tinham nada a perder.
Enfiaram a mão no bolso. Puseram-se às apalpadelas no tecido pregueado,
agarrando e dobrando, enterrando as mãos até ao fundo e puxando-as para fora.
Reacher gritou, primeiro «não!» e depois «nein!», mas eles não pararam. Tinham
uns revólveres pequeninos e esquisitos, de cano serrado. Aço claro, punhos de
pinho claro. Canos minúsculos, como cotos. Reacher achou que Washington
D.C., Nova Iorque e Londres estariam no topo da lista. A seguir, talvez Telavive,
Amesterdão e Madrid. Depois, Los Angeles e São Francisco. Se calhar, a própria
Golden Gate Bridge. Como Helmsworth tinha dito. As ordens que tinham eram
afixá-la ao suporte de uma ponte, ligar o temporizador e desatar a correr dali
para fora.

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