Escola da Noite

(Carla ScalaEjcveS) #1

ter tudo o que quisesse. Perguntar fazia parte da diversão. Ali mesmo, no parque.
E se estivesse enganado? Mas não estava. Já a tinha visto noutra ocasião. Ela
sorriu e pediu uma quantia muito elevada. Ele teria pago dez vezes mais, só pelo
aspeto dela. E ela tinha acabado de tomar duche. Não era virgem, mas era o mais
parecido possível, numa apreciação geral.
Levou-o de carro para o sítio de onde tinha acabado de vir.
Haveria câmaras de segurança no parque de estacionamento?
Achava que não. Era um tipo que lidava com pormenores. Era observador.
Reparava em tudo. Tinha de ser. Fazia parte do trabalho. E, no teto do parque,
vira espuma à prova de fogo, ligações elétricas, bueiros com pouco mais de dez
centímetros e um sistema de extintores.
Nada de câmaras.
Tranquilo.
O que era uma loucura.
Mas também lógico.
Ensaiou a coisa mentalmente e, a seguir, fê-la depressa. De início, ela julgou
tratar-se de alguma fantasia. Como se estivesse a pôr em prática o que tinha visto
num filme. Atirou-a de barriga para baixo e sentou-se em cima dela de pernas
escarranchadas, prendendo-lhe os cotovelos com os joelhos, o rabo colado ao
dela, agachado como um jóquei montado num cavalo, com ela a gemer como
fazem todas e ele a inclinar-se para a frente e a estrangulá-la por trás,
despachando tudo em dois tempos. Ela tentou dar um pinote e levantar-se com
um puxão, mas mal era capaz de se mexer. Apenas os pés, na realidade, a tentar
acertar-lhe nas costas com os calcanhares, mas sem conseguir lá chegar, por isso
limitaram-se a agitar-se violenta mas inutilmente para cima e para baixo, como
se ela estivesse a nadar. E, a seguir, pararam, e ele continuou a apertar até ter a
certeza, e depois ainda mais um bocado, até que, por fim, a largou e se pôs a
milhas.
Ou tudo ou nada.

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