Escola da Noite

(Carla ScalaEjcveS) #1

Griezman não fez nenhuma menção de entrar na sala. Pelo contrário, puxou o
punho da camisa e olhou para o relógio. Ao fazê-lo, uma mulher apareceu à
esquina e dirigiu-se para eles. Griezman viu-a e recolocou rapidamente o punho
no sítio, satisfeito. Mesmo em ponto. Precisão germânica.
— A nossa tradutora — anunciou.
Era uma mulher pequena e forte, de idade indeterminada, com cabelo lacado,
a formar um globo amplo à volta da cabeça, como um capacete de mota dourado.
Trazia um vestido cinzento, uma espécie de gabardina grossa, tão resistente
como uma túnica militar, meias de lã igualmente grossas e uns sapatos capazes
quase de pesar um quilo cada.
Disse-lhes «Bom dia», com uma voz de estrela de cinema.
— Entramos? — perguntou Griezman.
— O que faz o senhor Klopp para o município? — retorquiu Reacher.
— Qual é o trabalho dele? É um supervisor administrativo. De momento, no
Departamento de Esgotos.
— E gosta do emprego?
— Está num escritório. Não é uma posição em que suje propriamente as
mãos. Parece satisfeito. As avaliações ao desempenho são boas. Consideram-no
meticuloso.
— E porquê o horário esquisito?
— Acha esquisito?
— Disse-nos que ele entra cedo e que sai a seguir ao almoço. Parece-me uma
coisa manual e não administrativa.
Griezman disse uma palavra comprida em alemão, o nome de uma coisa, e a
tradutora explicou:
— Houve uma proposta para reduzir a poluição reduzindo os
engarrafamentos nas horas de ponta. Encorajaram-se os trabalhadores a
escalonar as horas de serviço. Naturalmente, esperava-se que o governo local
desse o exemplo. E é evidente que o Departamento de Esgotos optou por
começar e terminar mais cedo. Ou então teve de levar com isso. Mas, seja como
for, o município anunciou que já são visíveis os benefícios. Os últimos testes

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