Os Royal Botanic Gardens (Jardins Botânicos Reais), mais conhecidos como
Kew Gardens, por estarem situados na região de Kew, no sudeste de Londres,
remontam ao início do século XVIII. Nessa época, o local abrigava residências de
nobres, mas foi adquirido em 1759 pela princesa Augusta de Saxe-Gota-Altemburgo,
mãe do rei George III, que decidiu criar ali um jardim de plantas exóticas. Pouco a
pouco, todo tipo de vegetal começou a chegar ao jardim, trazido pelas mãos dos
curiosos naturalistas britânicos que se espalharam em expedições por várias partes do
mundo.
Em 1840, o jardim botânico deixou de pertencer à realeza e passou a ser comandado
pelo governo britânico, reforçando o seu cunho científico e de pesquisa econômica,
com o desenvolvimento de espécimes para o cultivo. Um episódio dramático do
colonialismo aplicado à agricultura, aliás, vincula os Kew Gardens à história econômica
brasileira. Em 1876, um funcionário dos jardins, Robert MacKenzie Cross, e o
comerciante de borracha inglês Henry Wickham conseguiram levar com sucesso da
região amazônica para a Inglaterra milhares de sementes da Hevea brasiliensis, a
seringueira, que produz a borracha natural. As mudas foram cultivadas nos Kew
Gardens, e as que floresceram, enviadas para serem plantadas no Sri Lanka, então
colônia britânica conhecida como Ceilão. Os plantios deram certo na Ásia e
derrubaram o então poderoso monopólio brasileiro da borracha natural. Até hoje, o Sri
Lanka é um grande produtor de borracha.
Há cerca de 50 mil plantas e 14 mil árvores nos Kew Gardens, que ocupam uma área de
130 hectares – um pouco menor que o Parque Ibirapuera, em São Paulo, que tem 158
hectares. Além das atrações vegetais, várias construções erguidas no local ao longo dos
séculos chamam a atenção dos visitantes. O Grande Pagode, de 1762, é uma torre de 50
metros que imita os templos chineses. O Rock Garden, feito em 1882, exibe a vegetação
de regiões montanhosas. Atração preferida dos turistas, segundo um levantamento
interno, a Palm House é uma estufa de espécies extraídas de florestas tropicais,
construída entre 1844 e 1848. Até 2019, o jardim botânico inglês recebia em média 2
milhões de visitantes por ano, o que fazia dele um dos principais pontos turísticos da
região de Londres. Com a pandemia, entretanto, o movimento caiu mais de 40%.
Por trás da fachada turística, os Kew Gardens têm historicamente outra missão: realizar
pesquisas científicas. A instituição conta com mais de 350 pesquisadores, capitaneados
por Antonelli, e dispõe de uma receita anual na casa dos 80 milhões de libras (cerca de