590 milhões de reais), provenientes de doações, patrocínios, repasses governamentais e
lucros com projetos. Desse montante, em torno de 50 milhões de libras (cerca de 370
milhões de reais) são destinados à área de “pesquisa e conservação”.
Olugar favorito de Antonelli nos Kew Gardens é o mesmo da maioria dos
turistas: a Palm House. Ele tem um motivo sentimental para preferir a estufa de plantas
tropicais. “O cheiro, a luminosidade, a umidade, tudo me leva de volta para casa.” É só
o biólogo entrar ali e afloram em sua memória recordações do quintal em Campinas
onde passou a infância: o cheiro do pé de limão, a imagem dos cachos da bananeira,
das verduras crescendo na horta e das borboletas azuis que passeavam por lá.
Seu pai, um bancário cujo hobby era a astronomia, costumava ficar horas observando
as estrelas. O menino também gostava de vasculhar o céu com o telescópio doméstico,
mas seu passatempo predileto era coletar e colecionar insetos. “Minha família me
chamava de bicho do mato”, conta Antonelli. “Eu fazia assim”, ele explica,
gesticulando. “Com um pedaço de tecido preso a um arame, capturava borboletas e
besouros para guardar em caixas de sapato. Até hoje tenho essa mania.” Ele guarda
uma coleção de mais de 2 mil insetos em sua casa. “Tenho também uma de carcaças de
cobras.”
Os passeios pelas praias do litoral paulista, nas férias da família, incentivaram ainda
mais a paixão de Antonelli pela natureza. Quando chegou a época do vestibular, ele
optou pela biologia, que começou a cursar na Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp). Mas era inquieto demais para a rotina universitária e, aos 17 anos, decidiu
trancar o curso, colocar um mochilão nas costas e embarcar para a Europa.
O plano inicial era viajar por seis meses, mas a aventura se prolongou por três anos.
Antonelli morou na França, na Suíça e percorreu de carona a Europa Oriental. Para se
sustentar, fazia bicos. “Trabalhei de garçom, faxineiro, jardineiro, babá, de tudo.” Foi
para o México, onde bateu ponto como concierge de um hotel. Juntou dinheiro para
praticar mergulho em praias de Cuba e Belize. Depois, decidiu ir para Honduras, onde
se tornou instrutor de mergulho. “Nos parques nacionais hondurenhos, comecei a
perceber os padrões da natureza, o contexto geral. Entendi, por exemplo, como plantas
e animais viajaram pelo mundo, ao longo de milênios, para construir a Terra como