aqui”, disse aos dois, antes de desligar e telefonar para Andreas Kuhn, que
supervisionava a fabricação em Idar-Oberstein.
Ao pedir o impossível, Uğur recebeu esta resposta: “Não conseguimos mudar o
construto e deixá-lo pronto para a segunda-feira. Nem se fosse na velocidade da luz.”
Conforme Andreas lembrou ao chefe, o processo de produção durava cinco dias e, de
qualquer maneira, a capacidade da semana seguinte já estava reservada à produção da
B2.8 para o ensaio clínico. Uğur ficou em silêncio por alguns segundos, o que fez
Andreas achar que a ligação tinha caído. Ele refletiu e fez uma proposta: “E se a equipe
antecipasse em uma semana a produção do construto de autoamplificação, invertendo
a ordem das doses no ensaio clínico, de modo a dar tempo à BioNTech de preparar a
mudança para a B2.9?” Andreas respondeu que a equipe havia trabalhado
incansavelmente para preparar todos os documentos para a versão anterior e, por fim,
prometeu: “Mas vou falar com eles.” Na sexta-feira à noite, ele retornou a ligação. Após
cinco dias de trabalho exaustivo, a equipe de Idar-Oberstein dedicaria o fim de semana
a outro ciclo de produção. Uğur enviou um e-mail para Alex e Annette com uma frase
só: “Vamos dar um jeito de fazer a B2.9 funcionar.” Nove meses depois, ficaria bastante
clara a importância dessa decisão para que finalmente fosse possível combater a
disseminação do coronavírus.
Enquanto isso, Claudia dava os retoques finais nas novecentas páginas do relatório
provisório do estudo toxicológico, que concluíra em apenas dois meses.
Os dados eram extremamente positivos. Os ratos não tinham apresentado febre alta
nem perdido peso. Não houvera nenhum sinal de alerta, como o surgimento de pelo
áspero, o que indica que talvez haja algo de errado com os animais. Os roedores
também fugiram assim que os pesquisadores entraram na sala, conforme tendem a
reagir instintivamente quando estão saudáveis. “É ruim quando eles só ficam parados
em um canto e não fazem nada, mas aqueles ratos estavam perfeitamente felizes”,
explica Claudia. Não houve qualquer indício de uma resposta sistêmica grave a
qualquer uma das vacinas candidatas de mRNA selecionadas. O sistema imunológico
dos mamíferos não estava sendo sobrecarregado.
No entanto, seu pressentimento naquela tarde antes do início do estudo, quando
Claudia ligou para Jan e pediu para que as doses de 100 microgramas de uRNA fossem
removidas de última hora, se revelou profético. Os dois roedores que receberam a dose
mais alta dos técnicos ansiosos – antes da chegada das instruções para abortar o
procedimento – tiveram febre de mais de 40ºC. Por sorte, os ratos foram excluídos das
análises antes que o estudo começasse, de maneira que os dados não impediriam a
aprovação do ensaio clínico. Mas, após a BioNTech apresentar ao PEI, em 16 de abril,
os dados de toxicologia organizados, o órgão regulador percebeu que as candidatas