formulações insatisfatórias, e demandavam uma preparação intensiva. As equipes de
fabricação de modelos de DNA e RNA da BioNTech trabalharam em turnos, de modo a
compilar instruções detalhadas para todas as etapas do processo.
Para cada candidata, o DNA tinha que ser produzido primeiro, como um modelo para
a produção do mRNA. As etapas duraram cinco dias, de segunda a sexta-feira. Com o
intuito de permitir que os integrantes da equipe descansassem no fim de semana –
após trabalharem dias a fio em salas limpas, vestidos da cabeça aos pés em trajes de
proteção abafados, com pausas de algumas horas apenas para comer e ir ao banheiro –,
foi programado um ciclo de produção por semana. Primeiro foi produzido o mRNA
para a candidata baseada em modRNA que codificava o domínio de ligação ao
receptor, e em seguida a versão não modificada. Assim como ocorreu com os primeiros
lotes de teste fabricados depois da superação das dificuldades iniciais pela equipe de
Stephanie Hein, responsável pela clonagem das sequências genéticas dos antígenos
usando bactéria, uma pequena van de entregas esperou em frente à fábrica da
BioNTech para levar, durante a noite, o material de mrna embalado em sacos plásticos
e congelado a -70ºC até a Polymun, em Viena. Lá, ele foi combinado com lipídios antes
de ser envasado, rotulado e enviado para os locais dos ensaios clínicos.
Na tarde do dia 16 de abril, quinta-feira, a BioNTech estava pronta para o início do
primeiro estudo em seres humanos. Após escolher quatro candidatas e implementar
cronogramas de produção, a empresa estava prestes a enviar ao PEI um pedido oficial
para realizar um ensaio de fase 1. Foi quando chegou um e-mail na caixa de entrada de
Uğur e Özlem. O bioquímico Alex Muik estava testando anticorpos neutralizantes na
velocidade máxima permitida pela única máquina na sua mesa e encaminhara novos
dados sobre mais um construto, baseado em modRNA, que expressava a proteína Spike
completa. A sequência de nucleotídeos para o espinho nodoso fora ligeiramente
ajustada, de modo a otimizar a maneira pela qual as células do corpo a traduzem. A
vacina, chamada de BNT162B2.9, tinha sido testada pouco antes em camundongos, e o
sangue dos roedores acabara de ser coletado e entregue a Alex. Mas os resultados eram
claros: a vacina havia suscitado uma resposta dos anticorpos muito superior à do
construto de modRNA similar, o BNT162B2.8, que já tinha sido selecionado como
vacina candidata.
Na mesma hora, Uğur pegou o celular e ligou para Alex a fim de obter mais detalhes.
Em seguida, telefonou para a virologista Annette Vogel. Ambos concordavam que a
B2.9 seria uma finalista melhor e estavam decepcionados por ser tarde demais para
incluí-la no estudo com seres humanos, programado para começar dali a alguns dias.
Mas Uğur ainda não estava disposto a desistir. “Vamos ver o que conseguimos fazer