nariz afilado, o olhar astuto, meio renascentista, e a casaca verde-jaguar (embora à
época provavelmente não chamassem assim aquele tom) com detalhes de veludo
vermelho. Elegância, um marco imponente. Eva olhou para a nova foto no celular.
Não restava dúvida. Tinham tirado o quadro. Comparou as outras fotos. Era a
única coisa que havia mudado.
Eva desceu na Estação Central e subiu a escada rolante às pressas.
- Ei, olhe por onde anda!
Quem tinha gritado com ela era uma mulher da idade de Eva. Esta respondeu
com um “Perdão” que a outra certamente não ouviu. Para chegar a Roskilde, Eva
precisava fazer baldeação, passando do trem de subúrbio ao regional. Pulou os
últimos degraus da escada rolante e venceu quase correndo os metros que a
separavam da Linha 5. O trem estava parado na plataforma. Faltavam dois minutos
para a partida. Entrou no vagão, sentou, pensou. Por que tinham mudado uma das
fotos? Por causa de um quadro? Foi quando viu a tela de TV. Estavam dando as
notícias no canal TV2. A tela estava fixada entre dois compartimentos de
passageiros, e Eva não conseguia ouvir nada. Só via as costas do repórter, que
entrevistava um policial graduado em frente à Chefatura. Na parte inferior da tela,
corria a linha habitual de texto com as últimas notícias: “Empresário encontrado
morto no Dyrehaven...” Saiu do compartimento e se aproximou da tela.
“Por ora, a única coisa que podemos dizer é que a família foi informada e a polícia
da Zelândia do Norte se encarregou do caso”, declarou o superintendente-chefe
Jens Juncker, cujo nome aparecia numa legenda abaixo da imagem.
“Mas já podem nos dizer alguma coisa sobre a natureza da morte?”, perguntou o
repórter, que Eva não via, pois a câmera focalizava apenas o policial. “Suspeitam
que possa ter sido crime?”
“Não há nada que indique que possa ter sido crime. A única coisa que podemos