- Rico?
Ela teria ouvido um ruído lá dentro? Ele estaria deitado na cama, esperando?
Seria aquilo parte do jogo, da vingança contra a “sarrista” que, segundo Rico, ela
havia sido? Ou estaria acontecendo alguma coisa? “Não”, pensou consigo mesma.
“Não vá ficar paranoica agora.” - Rico – tornou a chamar. A voz já saiu melhor, menos tensa.
Na mesa da sala de jantar, havia pequenas pilhas de papéis arrumados. “Sigiloso”,
leu Eva na pasta de cima. Um MacBook aberto, xícaras de café, copos de água,
cadernetas, uma garrafa de vinho tinto aberta e não terminada. - Rico?
Talvez devesse esperar ali até que ele voltasse. Largou a bolsa. Tentou imaginar
como seria ir para a cama com ele. Deveria surpreendê-lo? Tirar a roupa, tal qual ele
queria que fizesse, e ficar nua para esperá-lo? Era isso mesmo que ele queria? E se
levasse um susto e se arrependesse? “Não, obrigado. Achei que eu estivesse a fim de
você, mas agora que a vi sem roupa...” Seria humilhante demais! Entrou no quarto.
A cama estava por arrumar, com o edredom jogado no chão. Olhou para os lençóis.
Alguma coisa a impelia a deitar, a sentir contra a pele nua os lençóis dele. Teve
nojo. - Não – disse, e olhou em volta. O guarda-roupa, o criado-mudo, um par de
sapatos, um livro com a lombada para cima, um guardanapo de papel que fazia as
vezes de marca-página, provavelmente vindo do Bo-Bi. Havia também o cheiro da
loção pós-barba de Rico. Seria isso o que a animava a sentir uma coisa que não
sentia fazia muito tempo? O sentimento continuava ali quando pegou um copo de
água na cozinha e se olhou no espelho do banheiro. Que esquisito: cheirava a
vômito!
Tirou o casaco na sala. Ficou uns minutos sentada numa cadeira. Tinha vontade
de no mínimo continuar tirando a roupa, de esperá-lo na cama como alguém que
tivesse recebido ordens de fazer isso. Uma troca de favores. Uma coisa pela outra. É,
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1