A Santa Aliança

(Carla ScalaEjcveS) #1

o vestíbulo, e fechou a porta.
Dois comprimidos de paracetamol. Eva os achou numa gaveta do banheiro e os
tomou com um copo de água e um pouco de vinho branco.
“Sente-se um minutinho, só um minutinho.” Acomodou-se no sofá e bebeu a
goles rápidos. A luz fraca da alvorada. Esticar-se no sofá. Só um minutinho. Deitar-
se. Apenas fechar os olhos.
Acordou quando ouviu a campainha. Na sequência, bateram na porta. Que horas
eram? Estava dormindo havia quanto tempo? Sete e meia. Chegaria atrasada. Sentia
o gosto de álcool na boca, conseguia sentir o cheiro do próprio suor. Quem será que
vinha procurá-la àquela hora da manhã? Será que eram...?



  • Quem é?! – gritou.

  • A polícia. Abra!
    Essa voz... Eva a reconheceu. Onde a tinha...?

  • Abra!
    Obedeceu. Abriu a porta com um puxão e deu com o semblante irado de Jens
    Juncker, o policial que ela havia ido ver na Chefatura de Copenhague.
    Superintendente, talvez? Eva não lembrava o posto exato, mas lembrava a
    animosidade entre os dois, o evidente desagrado dele com a maneira como o tinha
    abordado. Juncker, com o cabelo molhado penteado para trás e o rosto forte e
    quadrado, parecia cansado. À sua esquerda havia outro policial, um jovem
    uniformizado de olhos muito juntos. Este também não se apresentou.

  • O que está acontecendo? – disse Eva, e olhou, esperando, para Juncker.

  • Você não tem que perguntar nada. Deve se concentrar apenas em responder.
    Podemos entrar?
    Pergunta retórica, concluiu Eva, já que passaram sem que ela tivesse dito coisa
    nenhuma.
    Depois, um sentimento surpreendente: ficou envergonhada da casa, de todo o
    material de construção, do caos.

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