- Diga que não estou, que nunca estive aqui, que você nem sabe quem eu sou.
Nada de visita, não importa o que digam. - OK.
- E, se passar alguém pela recepção, alguém que não esteja hospedado aqui e que
você não saiba quem é, você me avisa na mesma hora. Entendeu?
A garota não disse nada. Sua única reação foi um leve cabeceio de assentimento.
No entanto, Eva detectou curiosidade no olhar dela. Viu que a garota pensava:
“Quem será essa aí?” - Muito bem – disse Eva, e esboçou um rápido sorriso. – Então estamos
combinadas. A propósito, você me empresta isso um pouquinho? - O quê? O meu iPhone?
- O carregador – disse Eva. – Você está usando agora?
- Não, mas...
- A que horas você sai?
- Às nove da manhã.
- Excelente – disse Eva, e concluiu que seria uma noite muito longa. A moça já
parecia morta de cansaço. – Prometo que desço antes das nove. Está bem para você? - OK – disse a garota, e se apressou a retomar a conversa telefônica.
Eva voltou a subir a escada: carpete verde e gasto; marcas de chiclete e de bitucas;
o tecido de parede era uma aniagem marrom que fez Eva pensar na Europa oriental
e no antigo apartamento da avó paterna na Jutlândia; um ligeiro fedor de cigarro e
vômito. Alguém discutia aos gritos atrás de uma das portas. Eva chegou ao final da
escada. Terceiro andar. Mais aniagem marrom nas paredes. Parecia que estas
sugavam a já escassa luz. O quarto 32 ficava no fim do corredor, e a porta se abriu
sem ruído. - Home sweet home – disse Eva, totalmente a sério, porque naquele cômodo triste
e modesto estava tudo que ela necessitava naquele momento: uma cama, que
parecia mais ou menos confortável; e um criado-mudo, com um abajur que não
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1