Systems Group – 22h45
O quadro de Metternich estava no chão; só era preciso pendurá-lo. Tinha sido
Marcus quem pediu a Trane que o levasse para o escritório. Era melhor serem
prudentes e eliminarem todo e qualquer rastro. Além disso, Brix nunca deveria tê-
lo pendurado na sala de sua casa.
Marcus estava deitado no divã, um pouco curto demais, do pequeno quarto de
dormir que era parte do escritório. Não conseguia dormir, e isso o deixava
contrariado. Era um sinal de fraqueza. Marcus sempre havia considerado
importante, sobretudo para um soldado, a capacidade de adormecer em qualquer
lugar e a qualquer momento. Tão importante quanto poder andar, correr e matar.
Que valor tinha em situação de combate um soldado exausto? Tinham sido feitos
muitos estudos sobre isso, e a conclusão não deixava dúvida: valor nenhum. Depois
do medo, a falta de sono era o maior inimigo de qualquer militar. Marcus pensou
nas vezes em que o destacaram para o Iraque e o Afeganistão. Pensou no clichê de
que o soldado de verdade dorme com um só olho fechado. Ah, como as pessoas se
enganavam! Era justamente o contrário. Sono pesado e profundo, até receber a
ordem de acordar e estar inteiro e pronto. A gente dorme quando há tempo para
isso.
Sentiu o estômago embrulhar. Nervosismo? Não, raiva. Raiva porque as coisas
tinham tomado aquele rumo. Raiva de si mesmo por não ter encerrado o assunto
muito tempo antes. Eva Katz. Em outras circunstâncias, em outro mundo,