Distrito de Vesterbro, Copenhague – 0h12
Eva se ergueu e sentou na cama. Tateou até achar o interruptor. A luz não
acendeu. Pegou o celular. Que horas eram? Onde estava? Pouco mais de meia-
noite, informou a telinha. Por que tinha acordado? O que tinha acontecido com a
luz? Levantou-se, usando o celular como lanterna. Olhou para a rua. A iluminação
pública não estava funcionando no distrito de Vesterbro. Só os carros que passavam
afugentavam a escuridão. Depois uma mulher no edifício em frente colocou velas
acesas na janela. Alguém gritava na rua. Ouviam--se sirenes.
- Apagão – sussurrou Eva, e resolveu continuar dormindo depois que voltasse do
banheiro. Abriu caminho tateando no escuro, empurrou a porta do banheiro,
sentou no vaso, usou a luz fraquinha do celular para procurar o papel higiênico, fez
xixi e deu descarga. A água fez um barulho ensurdecedor. Será que mais alguma
coisa estava fazendo estrondo? Alguém tinha chutado a parede ao lado, ou batido
numa porta, ou... Não, provavelmente não era mais que...
A fechadura. Eva a achou no escuro, antes que seu cérebro tivesse entendido o que
acabava de acontecer. Alguém puxava a maçaneta do banheiro e chutava a porta. O
primeiro pensamento de Eva foi jogar-se no chão. Talvez resolvessem atirar através
da porta. - Socorro! – gritou. – Socorro!
Por um instante, reinou o silêncio. Depois recomeçaram. Chutes pesados, sólidos,
como na catedral. A porta abria para fora, não era fácil arrombá-la a pontapés. O