Hospital Nacional, Copenhague – 11h58
Muito tempo antes, no Iraque, já tinha acontecido de uma explosão o atirar para
longe vários metros e o deixar desacordado. Então como agora, tinha dedicado os
primeiros segundos depois de acordar a verificar que não tinha morrido e que
estava internado num hospital. Havia uma única enfermeira, lá fora. A cabeça doía
toda vez que tentava virá-la.
Marcus checou os dedos dos pés. Mexiam-se. Os braços, os dedos das mãos; sim,
estavam doídos demais, mas parecia que, apesar dos pesares, tudo ainda funcionava.
- Você está acordado?
Marcus quis virar de novo a cabeça. A voz vinha da esquerda. - Quem está falando comigo?
- Consegue se mexer?
- Dói um pouco.
- Os médicos dizem que você vai ficar bem – disse Trane, que então se levantou e
se inclinou sobre Marcus. - Trane?
- Eu mesmo.
- O que foi que aconteceu?
- Você não se lembra?
- Não. Sim. Foi um carro?
- Isso.