O telefone tocou no escritório de Liv. Esta fez sinal para indicar que voltaria logo,
e, um segundo depois, outra mulher surgiu ao lado de Eva.
- Oi – ela disse, e sorriu.
“Que pele bonita”, pensou Eva antes de retribuir o cumprimento. Cor de café
com leite, quase dourada. Os cabelos eram cacheados, pretos e indomáveis. A
mulher só arranhava o dinamarquês, mas falava com voz plena de sentimento. - Eu também esperar táxi aqui primeiro dia – disse. – Três mês faz agora, mas... –
Empacou, riu e sacudiu a cabeça, como se pudesse arrancar as palavras em
dinamarquês no tranco, à maneira como se sacodem as palmeiras para pegar coco. E
aquilo pareceu dar um pouco de resultado: – Parece faz tempo. - Quero que chegue a hora em que vou achar que tudo isto faz muito tempo –
disse Eva.
Olharam uma para a outra. A mulher era mais velha que Eva. Não muito, talvez
uns cinco anos. De onde seria? Do norte da África? Por isso Eva tinha pensando em
palmeiras? - Alicia – apresentou-se.
- Eva.
Liv saiu do escritório. - O táxi já chegou. Está pronta?