- Enfiou a espingarda na boca e bang!
- Eu o levei para a sala – disse o mais novo.
- A sala?
- De autópsia.
- Quem foi o legista?
Pela primeira vez, os dois viram que aquela não era uma conversa à toa. Eva tinha
um propósito. O mais novo apagou o cigarro e entrou pela porta sem dizer nada. O
mais velho ficou olhando para Eva, surpreso, talvez cético. - A polícia fez merda – disse Eva. – Pôs a investigação a perder.
- Você é jornalista?
Eva deu de ombros. - Só porque ele conhecia uns bacanas, não investigaram.
- Do que você está falando?
- Do óbvio, ué. Ele era unha e carne com a realeza, e por isso a polícia resolveu
não investigar. - Você está dizendo que ele não se matou com um tiro, sem mais nem menos?
Eva negou com a cabeça.
O maqueiro mais velho encolheu os ombros, deu uma última tragada e deixou
que a fumaça lhe saísse dos lábios junto com três palavras: - Hans Jørgen Hansen.
- Hans Jørgen Hansen? – repetiu Eva.
- Você perguntou o nome do legista que fez a autópsia.
A ruiva da recepção nem levantou os olhos quando Eva se dirigiu a ela.
- Eu trouxe uma coisa para o dr. Hans Jørgen.
- Pode deixar aqui – disse a mulher.
- Tenho que entregar pessoalmente.