A Santa Aliança

(Carla ScalaEjcveS) #1

tirou a peruca e foi inserir o cartão.
Ouviu-se um estalido quando o caixa eletrônico aceitou o cartão. Eva sacou
duzentas coroas e as colocou no bolso. Tinha procurado ficar bem em frente à tela
do caixa, à luz da via pública, inclinando ligeiramente a cabeça para uma câmera de
vigilância. Permaneceu assim uns dez segundos, com o rosto voltado para a câmera,
enquanto colocava o dinheiro e o MasterCard no bolso. “Muito bem”, pensou.
Deveria bastar. Naquele momento, se podiam mesmo vê-la, já tinham feito isso. Era
hora de Eva fazer outra coisa – sair dali o quanto antes.
Começou a correr por onde tinha vindo, em direção à muralha de terra. Não
levou mais que dois minutos. Enfiou-se entre as árvores. Ofegante, ficou à espera.
Quase de imediato, percebeu que o lugar era ruim. E perigoso. Se quisesse ter boa
visão da esquina, correria o risco de pôr-se a descoberto. Uma cena pavorosa lhe
passou pela cabeça: eles a perseguiam no parque, a alcançavam em algum lugar, no
escuro, e não havia ninguém que pudesse ouvir os gritos. Uma bala na cabeça, seu
corpo afundando nas águas barrentas do lago. Sumindo de vez.
Outra possibilidade se elevava para o céu. Ali em frente ficava o SAS Hotel, ainda
um dos edifícios mais altos de Copenhague. Por que não tinha pensado nisso antes?
O bar na cobertura. Já havia estado lá. Em outra vida. É, dali faria a tocaia. Seu
posto de observação.
Cruzou a rua e depois o estacionamento do hotel, rumo à entrada. O presidente
da China tinha recentemente se hospedado lá. Ao que parecia, tinha ficado com
um andar inteiro para si. Eva não precisava de um andar todo; bastava um lugar de
onde vigiar. Entrou arfando no saguão. Um mundo de espelhos, vidro e aço. Todos
os recepcionistas se pareciam e sorriram mecanicamente quando entrou no
elevador e apertou o botão do vigésimo quinto andar. Poucos segundos depois,
entrou no restaurante The Dining Room, a versão de Copenhague do antigo
Windows on the World, que ficava na torre norte do World Trade Center, antes
que ele viesse abaixo. Gente bonita ao redor. Roupas caras, colágeno nos lábios,

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