exterior.
- É. O que é, então?
- Está vendo ali? Um triângulo. Ou quase.
Eva olhou para as três manchas escuras na tela, o afundamento, uma cratera
lunar. - São ângulos de mais de noventa graus – disse o legista, que afastou um pouco a
cadeira da mesa. – Preste atenção. Nesta altura das coisas, não tenho certeza
absoluta do que vou dizer. Não cem por cento de certeza. Mas considero uma
hipótese autorizada, digamos assim. - E o que é?
- Imagino que o nosso amigo tenha batido contra um objeto capaz de deixar uma
marca como essa. Ele pode ter caído ou sido empurrado; isso é impossível
determinar. – O legista apontou a marca e voltou a olhar para Eva. – Também não
dá para descartar que tenha morrido por causa do impacto, ainda que o mais
provável seja que ele tenha ficado apenas inconsciente. E que depois...
Eva concluiu a frase: - Tenham atirado nele?
- Varando a cabeça, é. A espingarda na boca. Bangue!
- Mas por quê?
O legista deu de ombros. Eva voltou a examinar a pequena marca triangular no
crânio. - As linhas de fratura relativamente longas talvez sugiram um impacto de certa
contundência. - Mas você não acha que isso tenha sido a causa da morte, acha?
- É, não necessariamente. As lesões no crânio, por si sós, não são fatais. O que
mata são as hemorragias internas que as lesões acarretam. Uma hemorragia
produzida por traumatismo debaixo da dura-máter. - E o que mais você pode me dizer?