para as águas do porto, e, quando tornou a olhar para o prédio, Tine estava indo
embora, acompanhada de uma amiga – ou colega. Qualquer que fosse o caso,
saíram juntas, copo de café na mão, cigarro. Aproximavam-se de Eva. Resolveu ficar
sentada até que tivessem passado por ela e depois... É, e depois o quê? O que diria a
ela? Seria preferível esperar que Tine ficasse sozinha? Ouviu uma frase solta da
conversa e reconheceu da TV a voz de Tine: “Mas nem por isso a gente pode ter
certeza de que esteja falando sério”.
Eva se levantou e as seguiu. As duas estavam caminhando e batendo papo.
Manteve-se a uns dez metros de distância, esperando o momento certo e pensando
no que dizer. Elas atravessaram um estacionamento e pararam junto a um Passat
vermelho-fogo. Queriam ainda falar um pouco mais. Grande abraço, beijo no rosto,
e a amiga entrou no carro e foi embora. Eva aproveitou a deixa.
- Tine Pihl? – disse, e se esforçou para parecer amável.
- Quem é você?
- Será que podemos conversar um minutinho?
- Quem é você?
- Meu nome é Eva – disse, e estendeu a mão.
Tine a encarou. - OK, Eva. Do que se trata? Estou com um pouco de pressa.
Começou a andar, com Eva ao lado, de volta para a entrada da editora. - De Christian Brix – disse Eva. – Você o conhecia?
- Não conheço ninguém até você me explicar quem você é e por que estamos
conversando. - Sou jornalista, igual a você.
- Eva de quê?
- Katz. Trabalhei no Berlingske.
- Trabalhou? Ou seja, está desempregada e veio atrás de uma matéria que faça
você voltar para a lista dos poucos jornalistas que a mídia ainda está disposta a