mais gente ficar sabendo, mais protegidas vamos estar. Isso complica as coisas para
eles. Você não entende?
Claudia fez que não e perguntou:
- Você está falando de publicar?
- É a única proteção que temos, o fato de que o mundo todo possa ficar sabendo.
- Ninguém vai querer publicar.
- Mas é claro que vai haver quem queira, sim.
- Acho que você não entendeu nada – disse Claudia.
- Então explique. Conte tudo o que você sabe. Faça isso também por Brix.
- São muito poderosos – disse Claudia antes de pegar a rodovia e dar a última
olhada pelo retrovisor. - A família real?
- É uma família grande. As sete grandes monarquias que restam na Europa são
todas aparentadas. São todos irmãos e primos; qualquer monarca da Europa de hoje
tem um pai, mãe, avó ou avô que reinou ou foi príncipe numa das outras casas reais.
Você entende isso? Estão unidos por laços de sangue. Você não deveria pensar neles
como sendo a Casa Real da Dinamarca, da Noruega ou da Espanha. Precisa pensar
neles como sendo um todo. Uma só casa. Uma só família. Uma família cujos
membros passaram séculos e séculos lutando entre si, mas também se ajudaram uns
aos outros. Casaram entre si. – Claudia soltou um pouco o volante e entrelaçou os
dedos, para mostrar o quanto eram unidos. – De modo que agora a gente tem os
chefes de Estado da Grã-Bretanha, Escandinávia, Holanda, Bélgica, Espanha. Uma
grande família, você não acha? – disse, e mostrou os dedos entrelaçados. - Estou entendendo. Agora, só peço que você volte a segurar o volante.
- Não está entendendo, não. Isto aqui é a família. Mil anos de história. Eles
sabem que basta um ramo da família falhar, basta o povo de um país pôr a realeza
no olho da rua, para que ocorra o efeito dominó. As histórias dos podres das
monarquias vão começar a aparecer aos borbotões; vão contaminar as outras casas