explicando que era importante.
- Não sei se ele está acordado. A quem devo anunciar?
- Eva.
- Eva? Um instante, Eva.
Passos que se afastavam. Eva sentou num bloco de mármore. Teve tempo de
pensar que isso provavelmente era proibido, até que ouviu Lagerkvist tossir do
outro lado da linha. - Eva?
Ela pigarreou. Na mesma hora, sentiu as lágrimas se acumularem nos olhos; elas
chegaram inesperadamente, tal qual as primeiras palavras de Eva: - É tudo muito grande. Não dou conta sozinha.
Ouviu Lagerkvist respirar com dificuldade; era o ruído de um homem à beira da
morte. Ele acabou rompendo o silêncio. - Onde é que você está?
- Em Roma.
- O que aconteceu?
Eva ficou pensando por onde começar. - É grande demais para mim. Não consigo.
- A coisa sempre é maior quando a gente começa – disse Lagerkvist. – Sempre.
Muito maior do que a gente imaginava.
Eva não sabia se lhe contava tudo. - Mas, então, o que você quer fazer? – perguntou Lagerkvist. – Desistir?
A voz dele era cortante. Eva tornava a reconhecê-la; a voz de Lagerkvist ao gritar
com ela na faculdade, quando tudo estava bem, quando Martin ainda era vivo. - Não estou ouvindo – ele dizia agora.
- Não, não quero.
- Em que você está pensando?
- Naquela vez em que gritou comigo na faculdade. Como tudo era melhor