naquela época. O Martin ainda estava vivo. O Rico...
- Está dizendo é que o melhor é continuar na ignorância – disse Lagerkvist,
interrompendo-a. – Não quero saber disso. Ser um idiota feliz? A única coisa que
aconteceu foi que você agora entende que sabemos muito pouco. Parabéns.
Aconteceu a mesma coisa com Sócrates. Era a única coisa que ele sabia. Que
sabemos muito pouco. – Pausa. A respiração entrecortada de Lagerkvist soava no
ouvido de Eva. – Vamos, conte o que não sabemos – ele sussurrou. - Não sabemos como tudo se relaciona – começou Eva, e falou de Brix.
Contou que ele participava da Aliança, da família mais antiga da Europa, uma
família que ainda mantinha no trono oito soberanos que não pretendiam ficar de
braços cruzados até que alguém os tocasse de lá um atrás do outro. Eva falava
depressa, com medo que os trinta euros de crédito acabassem ou que Lagerkvist
morresse antes de ela ter tido tempo de contar tudo. Falou do nascimento da União
Europeia, uma ideia que tinha sido lançada bem antes que a maioria das pessoas
imaginava, por uma mística chamada Barbara. Falou da ideia de alcançar a paz no
continente por meio de uma grande aliança, com os monarcas dando as cartas na
mesa. A democracia nunca conseguiria isso. No fim, Eva repetiu o que tinha dito
no início daquela conversa: - É tudo muito grande para mim.
- Ora. – Apenas isso, uma palavrinha contemplativa do outro lado da linha.
Lagerkvist então acrescentou: – Não é grande demais. É só lógico. - Lógico?
- Você mesma disse: é uma das famílias mais ricas do mundo. É a família mais
rica e poderosa do mundo. – Por um momento, ele hesitou. – Recebi a visita de
uma ex-aluna, Tine Pihl. Ela vem escrevendo bastante sobre a Casa Real. A Tine
me contou que você tinha entrado em contato com ela. E me passou um endereço.
Disse para eu lhe dar esse endereço se por acaso voltasse a falar com você. Ela ficou
impressionada com você.