guiada. Mas só nos palácios onde ninguém estava morando.
- E daria para ressuscitar essa prática? Mesmo que seja uma vez só.
- Por que é que você quer entrar lá? – perguntou Rigmor, ao mesmo tempo que
fazia força para sugar a derradeira nicotina do cigarro. - Pelo mesmo motivo que levou você a sentar aqui e conversar comigo.
Aconteceu uma coisa absolutamente injusta. Não é também por isso que você quer
me ajudar?
Não houve resposta. Eva continuou: - Christian Brix. Você o conhece?
- Não pessoalmente. Ele era do círculo mais íntimo. E isso desde que era menino.
- Oficialmente, ele se matou com um tiro no Dyrehaven. Mas eu sei que é
mentira. Ele morreu num dos palácios, só não sei como. E não vou saber até
conseguir entrar. - E depois vai fazer o quê? Levar a família toda à Justiça? – Rigmor deu uma
risada sonora e desdenhosa. – Não, desculpe-me, mas é muita ingenuidade. Só um
instante. – Levantou-se e voltou com dois cálices na mão. Encheu-os de xerez até a
borda e se virou para Eva. – Você quer saber o que aconteceu naquela noite nos
palácios? - Quero.
Rigmor tirou do bolso de trás uma caderneta, que, pelo jeito, estava ali para que
sempre pudesse alcançá-la com um só movimento. Talvez fosse uma agenda. Abriu
e folheou a caderneta. - Houve um jantar, mas sem a presença da família real. Começou às oito.
- Como é que você sabe? Pela sua irmã?
Rigmor deu de ombros. - Você continua anotando o que acontece lá dentro?
Nenhuma resposta. Eva olhou para a caderneta e a pegou. Com muita calma,
como se estivesse sentada diante de um animal feroz que não admitia movimentos